São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002

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CINEMA/ESTRÉIA

"JALLA! JALLA!"

Diretor naturalizado Josef Fares usa própria família libanesa no elenco da comédia romântica

Sueco mostra que só a miscigenação cura

TIAGO MATA MACHADO
CRÍTICO DA FOLHA

No ano 2000, "Bem-Vindos" e "O Novo País" consagraram o nascimento de um novo cinema sueco. No espírito conciliatório, includente e anti-xenófobo que regia seus filmes, os comparsas Lukas Moodysson e Geir Hansteen Jörgensen pareciam ter encontrado o fundo que faltava à inovação formal dos vizinhos dinamarqueses do Dogma 98.
No mesmo ano, Josef Fares, libanês naturalizado sueco, lançou "Jalla! Jalla!", uma comédia romântica pró-miscigenação que foi sucesso na Suécia. Obra demasiado juvenil de um autor longe da maturidade (Fares tinha 23 anos quando fez o filme) "Jalla! Jalla!" (algo como "Vamos! Vamos!") tem o mérito de não retomar o mote do "novo país" senão para inverter os dados da questão.
No filme de Fares, não é o jovem de origem árabe que encontra dificuldades para ser aceito pela família da namorada sueca, mas o contrário. Incapaz de apresentar a amada à família libanesa (interpretada pela família Fares), Roro (Fares Fares, irmão do diretor) acaba envolvido num casamento arranjado com Yasmim (Laleh Pourkarim), uma libanesa que teme ser deserdada pelos pais.
"Jalla! Jalla!" resulta num aprendizado de mão dupla: Roro deve aprender que, na sociedade moderna, o amor prevalece sobre a tradição, mas essa sociedade vive um período de cansaço e estagnação do amor, essa "enfermidade de Eros" diagnosticada, desde os anos 60, pelos cineastas europeus que só a miscigenação, na proposição de Fares, pode curar.


Jalla! Jalla!   
Produção: Suécia, 2000
Direção: Josef Fares
Com: Fares Fares, Torkel Petersson e Tuva Novotny
Quando: a partir de hoje nos cines Cineclube DirecT V 1, Espaço Unibanco 3 e Market Place Playarte 3



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