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CINEMA/ESTRÉIA
"JALLA! JALLA!"
Diretor naturalizado Josef Fares usa própria família libanesa no elenco da comédia romântica
Sueco mostra que só a miscigenação cura
TIAGO MATA MACHADO
CRÍTICO DA FOLHA
No ano 2000, "Bem-Vindos" e "O Novo País" consagraram o nascimento de um novo cinema sueco. No espírito conciliatório, includente e anti-xenófobo
que regia seus filmes, os comparsas Lukas Moodysson e Geir
Hansteen Jörgensen pareciam ter
encontrado o fundo que faltava à
inovação formal dos vizinhos dinamarqueses do Dogma 98.
No mesmo ano, Josef Fares, libanês naturalizado sueco, lançou
"Jalla! Jalla!", uma comédia romântica pró-miscigenação que
foi sucesso na Suécia. Obra demasiado juvenil de um autor longe
da maturidade (Fares tinha 23
anos quando fez o filme) "Jalla!
Jalla!" (algo como "Vamos! Vamos!") tem o mérito de não retomar o mote do "novo país" senão
para inverter os dados da questão.
No filme de Fares, não é o jovem
de origem árabe que encontra dificuldades para ser aceito pela família da namorada sueca, mas o
contrário. Incapaz de apresentar a
amada à família libanesa (interpretada pela família Fares), Roro
(Fares Fares, irmão do diretor)
acaba envolvido num casamento
arranjado com Yasmim (Laleh
Pourkarim), uma libanesa que teme ser deserdada pelos pais.
"Jalla! Jalla!" resulta num aprendizado de mão dupla: Roro deve
aprender que, na sociedade moderna, o amor prevalece sobre a
tradição, mas essa sociedade vive
um período de cansaço e estagnação do amor, essa "enfermidade
de Eros" diagnosticada, desde os
anos 60, pelos cineastas europeus
que só a miscigenação, na proposição de Fares, pode curar.
Jalla! Jalla!
Produção: Suécia, 2000
Direção: Josef Fares
Com: Fares Fares, Torkel Petersson e Tuva Novotny
Quando: a partir de hoje nos cines
Cineclube DirecT V 1, Espaço Unibanco 3
e Market Place Playarte 3
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