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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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O MAGO

Imortal é sabatinado por leitores de jornal inglês com perguntas sobre sua vida e obra

"Não dou conselhos", diz Paulo Coelho

DO "INDEPENDENT"

O escritor Paulo Coelho, 56, respondeu a perguntas de leitores do jornal britânico "The Independent". Leia abaixo alguns trechos da entrevista.
 

Pergunta - "O Alquimista" já foi descrito como um livro que é capaz de transformar a vida do leitor. O que transformou sua vida?
Paulo Coelho -
Minha vida foi transformada pela peregrinação que fiz a Santiago de Compostela em 1986. Ao final dessa viagem decidi pagar o preço do meu sonho: me tornar escritor.

Pergunta - O que se lembra da fase passada num hospital psiquiátrico na adolescência?
Coelho -
Mesmo depois de passar por experiências muito difíceis em minha vida, tais como ser internado num manicômio ou ser preso pelo regime militar no Brasil, eu nunca me enxerguei como vítima, mas como alguém que estava vivendo a aventura de estar vivo.

Pergunta - Que efeito ser brasileiro exerce em sua escrita?
Coelho -
A característica principal dos brasileiros é que destruímos o muro que separa as emoções dos fatos. Vivemos em crise constante, mas isso nos ajuda a repensar nossas vidas e estar mais preparados para enfrentar os desafios do futuro, porque já enfrentamos os do presente.

Pergunta - Qual é a sensação de saber que suas palavras têm efeito tão profundo sobre as pessoas?
Coelho -
Essa é uma idéia muito abstrata. No momento estou na zona rural francesa, num povoado com cerca de 200 habitantes. Mas, quando vejo alguém lendo meus livros, sinto que não estou sozinho, que compartilhamos dúvidas e desafios.

Pergunta - Em ""O Alquimista", você aconselha os leitores a fazer o que seu coração manda. Você segue seus próprios conselhos?
Coelho -
Quero deixar clara uma coisa: não dou conselhos. "O Alquimista" sugere que o pastor deve seguir o que manda seu coração. Isso dito, eu sigo minha intuição, sim. Às vezes me machuco, mas depois as feridas saram e é isso que torna a vida interessante.


Tradução Clara Allain

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