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O MAGO
Imortal é sabatinado por leitores de jornal inglês com perguntas sobre sua vida e obra
"Não dou conselhos", diz Paulo Coelho
DO "INDEPENDENT"
O escritor Paulo Coelho, 56,
respondeu a perguntas de leitores do jornal britânico "The Independent". Leia abaixo alguns
trechos da entrevista.
Pergunta - "O Alquimista" já foi
descrito como um livro que é capaz de transformar a vida do leitor. O que transformou sua vida?
Paulo Coelho - Minha vida foi
transformada pela peregrinação
que fiz a Santiago de Compostela em 1986. Ao final dessa viagem decidi pagar o preço do
meu sonho: me tornar escritor.
Pergunta - O que se lembra da
fase passada num hospital psiquiátrico na adolescência?
Coelho - Mesmo depois de passar por experiências muito difíceis em minha vida, tais como
ser internado num manicômio
ou ser preso pelo regime militar
no Brasil, eu nunca me enxerguei como vítima, mas como alguém que estava vivendo a aventura de estar vivo.
Pergunta - Que efeito ser brasileiro exerce em sua escrita?
Coelho - A característica principal dos brasileiros é que destruímos o muro que separa as emoções dos fatos. Vivemos em crise
constante, mas isso nos ajuda a
repensar nossas vidas e estar
mais preparados para enfrentar
os desafios do futuro, porque já
enfrentamos os do presente.
Pergunta - Qual é a sensação de
saber que suas palavras têm efeito tão profundo sobre as pessoas?
Coelho - Essa é uma idéia muito
abstrata. No momento estou na
zona rural francesa, num povoado com cerca de 200 habitantes.
Mas, quando vejo alguém lendo
meus livros, sinto que não estou
sozinho, que compartilhamos
dúvidas e desafios.
Pergunta - Em ""O Alquimista",
você aconselha os leitores a fazer
o que seu coração manda. Você
segue seus próprios conselhos?
Coelho - Quero deixar clara
uma coisa: não dou conselhos.
"O Alquimista" sugere que o
pastor deve seguir o que manda
seu coração. Isso dito, eu sigo
minha intuição, sim. Às vezes
me machuco, mas depois as feridas saram e é isso que torna a vida interessante.
Tradução Clara Allain
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