DA REPORTAGEM LOCAL

A 60ª Mostra de Veneza chega hoje a um fim ambíguo. Seja qual for o vencedor do Leão de Ouro -para o qual são apontados como favoritos o japonês Takeshi Kitano ("Zatoichi"), o italiano Marco Bellocchio ("Buingiorno, Notte") e o russo Andrey Zvyagintsev ("Vosvrascenie")-, é consenso a avaliação de que Veneza superou neste ano o Festival de Cannes (seu arqui-rival, realizado em maio) na qualidade geral da programação.
Porém foram tantos os problemas de organização que afetaram público, imprensa e distribuidores de filmes que realizam negócios durante o festival, que o próprio diretor da mostra, Moritz de Hadeln, concluiu: "A estrutura de Veneza envelheceu".
Na primeira semana do festival, inaugurado em 27 de agosto, De Hadeln recebeu uma carta de protesto de um comitê de 30 pessoas que representavam profissionais das diversas atividades participantes da mostra. O documento listava problemas recorrentes no acesso às salas de projeção e a falta de infra-estrutura de comunicações, alimentação e transporte.
Em entrevista ao jornal "Le Monde", De Hadeln disse que "o festival é glorioso em seu passado, mas esse Palácio do Cinema [sede das principais atividades de projeções], construído em 1937, está completamente ultrapassado".
A construção é tombada como monumento histórico nacional, o que dificulta a realização de obras para modernizá-la.
Neste ano, não há filmes brasileiros na competição pelo Leão de Ouro. Além dos favoritos já citados, também teve boa recepção da crítica o filme "21 Gramas", dirigido pelo mexicano Alejandro González Iñárritu, com produção norte-americana. "21 Gramas" foi o último dos 20 concorrentes a ser apresentado.