São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2007

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Osesp toca "Elektra", de Strauss, pela primeira vez

LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) apresenta hoje uma ópera que nos momentos mais tensos parece transformar acordes em imagens de terror: "Elektra", do alemão Richard Strauss (1864-1949). Ela não é apresentada no Brasil desde os anos 20.
A obra é considerada de difícil execução. O maestro John Neschling interrompeu o ensaio da manhã da última terça, em média, uma vez a cada dez minutos. Corrigiu os artistas como se fossem pontos de tecido, instrumento por instrumento: violino, oboé, harpa. Havia um clima de tensão.
No intervalo, os músicos repetiam uns aos outros palavras de confiança como "tudo dá certo no final" e alguns dispensaram o café para repassar trechos do concerto sobre o palco. "É preciso estar bem treinada para sobreviver a essa ópera", diz a soprano inglesa Susan Bullock, dona do papel-título, personagem que já interpretou no Scala de Milão e em Hong Kong.
A peça de Strauss conta a tragédia grega escrita por Sófocles na qual Orestes, instigado pela irmã, Elektra, retorna do exílio para matar a mãe, Clitemnestra. Seu objetivo é vingar o assassinato do pai, Agamêmnon.
Como foi escrita em 1908 e apresentada no ano seguinte, é influenciada pelo romance psicológico. Não à toa, o complexo de Elektra é o equivalente feminino do complexo de Édipo, o desejo da filha pelo pai.
"Será um dos grandes espetáculos da história do Brasil", afirma Neschling. O coro da Osesp, regido pela maestrina Naomi Munakata, completa a apresentação, cujos preparativos remontam ao ano passado, quando os solistas receberam seus papéis -o que não significa tranqüilidade. "É uma ópera complexa", diz a soprano brasileira Claudia Habermann. Ela interpreta uma criada na obra.
O leitor provavelmente já se deparou com trechos de outras obras de Strauss (que não é parente de Johann Strauss pai e filho, responsáveis pela popularização das valsas vienenses). O filme "2001 - Uma Odisséia no Espaço", de Stanley Kubrick, conta com o poema sinfônico "Assim Falava Zaratustra", da estrela de hoje da Osesp.


ELEKTRA, DE STRAUSS
Quando:
hoje, às 21h, sáb., às 16h30, e seg., às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nš, SP, tel. 0/xx/11/3223-3966)
Quanto: de R$ 25 a R$ 89


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