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Osesp toca "Elektra", de Strauss, pela primeira vez
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo)
apresenta hoje uma ópera que
nos momentos mais tensos parece transformar acordes em
imagens de terror: "Elektra",
do alemão Richard Strauss
(1864-1949). Ela não é apresentada no Brasil desde os anos 20.
A obra é considerada de difícil execução. O maestro John
Neschling interrompeu o ensaio da manhã da última terça,
em média, uma vez a cada dez
minutos. Corrigiu os artistas
como se fossem pontos de tecido, instrumento por instrumento: violino, oboé, harpa.
Havia um clima de tensão.
No intervalo, os músicos repetiam uns aos outros palavras de
confiança como "tudo dá certo
no final" e alguns dispensaram
o café para repassar trechos do
concerto sobre o palco. "É preciso estar bem treinada para sobreviver a essa ópera", diz a soprano inglesa Susan Bullock,
dona do papel-título, personagem que já interpretou no Scala
de Milão e em Hong Kong.
A peça de Strauss conta a tragédia grega escrita por Sófocles
na qual Orestes, instigado pela
irmã, Elektra, retorna do exílio
para matar a mãe, Clitemnestra. Seu objetivo é vingar o assassinato do pai, Agamêmnon.
Como foi escrita em 1908 e
apresentada no ano seguinte, é
influenciada pelo romance psicológico. Não à toa, o complexo
de Elektra é o equivalente feminino do complexo de Édipo, o
desejo da filha pelo pai.
"Será um dos grandes espetáculos da história do Brasil",
afirma Neschling. O coro da
Osesp, regido pela maestrina
Naomi Munakata, completa a
apresentação, cujos preparativos remontam ao ano passado,
quando os solistas receberam
seus papéis -o que não significa tranqüilidade. "É uma ópera
complexa", diz a soprano brasileira Claudia Habermann. Ela
interpreta uma criada na obra.
O leitor provavelmente já se
deparou com trechos de outras
obras de Strauss (que não é parente de Johann Strauss pai e
filho, responsáveis pela popularização das valsas vienenses). O
filme "2001 - Uma Odisséia no
Espaço", de Stanley Kubrick,
conta com o poema sinfônico
"Assim Falava Zaratustra", da
estrela de hoje da Osesp.
ELEKTRA, DE STRAUSS
Quando: hoje, às 21h, sáb., às 16h30, e
seg., às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nš, SP, tel. 0/xx/11/3223-3966)
Quanto: de R$ 25 a R$ 89
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