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ARTES PLÁSTICAS
Mostra reúne obras feitas com tinta, lápis e sangue
Londres recebe 456 desenhos sobre papel de Joseph Beuys
PAULO VIEIRA
especial para a Folha, em Londres
Àqueles que conhecem o alemão Joseph Beuys (1921-1986)
por suas obtusas esculturas ou
por suas dinâmicas performances, a exposição que a Royal Academy of Arts leva em Londres até
setembro pode parecer singela
demais. "O Caderno Secreto Para
Uma Pessoa Secreta na Irlanda",
reunião de desenhos e colagens
sobre papel feitos pelo artista entre 1936 e 1976, é o que Beuys afirmou ser "uma seleção de modos
de pensar em evolução".
São 456 desenhos, feitos em materiais diversos, como sangue, tinta e lápis, sobre o papel que houvesse à mão.
O Reino Unido e a Irlanda viram, no ano de 1974, 266 desses
trabalhos, numa exposição que o
próprio artista ajudou a montar
em Oxford e depois seguiu por
outras cidades.
Beuys foi um arguto observador
da natureza, de onde vêm os estudos de plantas que aparecem na
mostra, as cabeças de veado (animal que fazia parte de um bestiário particular do artista) e os detalhes da fisiologia genital feminina
-tema associado a algo que muito lhe interessava: o ciclo de vida.
Outros assuntos foram invocados pelo artista e aparecem nessa
mostra: mitologia, história, religião, as feridas da Segunda Grande Guerra na Europa e a era glacial eurasiana.
Beuys viveu brevemente na Irlanda, mas o título da exposição
não faz jus a qualquer atividade
clandestina que o artista tenha desenvolvido no país. O que contava
era dar o pontapé inicial em um
jogo em que a criatividade seria
supostamente o motor para algo
que definia como bem comum.
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