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TELEVISÃO
"JN" comemora 30 anos feliz
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
O "Jornal Nacional", da TV
Globo, é claro, completou 30 anos
de existência. Foi o principal
acontecimento da semana entre
os assuntos de televisão.
Quase todo mundo comemorou. Para a grande maioria, ver o
"JN" já é um hábito tão aconchegante como as almofadas no sofá
da sala ou na "wing chair" do que
a vovó até hoje chama de escritório. Ver o "Jornal Nacional" é o
que se espera de todos os brasileiros que tenham em casa algum relógio que marque 20h.
Daí o grito de terror quando o
telefone toca durante alguma notícia que está sendo transmitida.
Nem mesmo aqueles milhares de
microfones que cobrem o céu de
sua televisão, numa "blitzkrieg"
da informação, são tão assustadores como o tilintar desse telefone.
Coitada da família. Não se lembrava da velha amiga que tem em
casa um retrato do Fidel Castro
todo borrado de batom e que se
recusa a ouvir notícias na Globo.
Durante um certo tempo, essa
gente, e sua teimosia de mais de
30 anos, ouvia o Boris Casoy. Até
que algum de seus "é uma vergonha" atingiu em cheio uma admiração. Viver à esquerda das coisas
é tão trabalhoso, e você acaba
convivendo só com espécies em
extinção.
No começo do "JN", falava-se
muito em Glória Maria e um pouco em Armando Nogueira, um
beletrista em estranha opção pelas imagens. Naquele tempo, Cid
Moreira ainda não falava como
Deus e só usava os cachos de Cristo. Inesquecível o asco de Paulo
Francis ao ver o Sérgio Chapelin
lendo o noticiário.
"Meninos bonitos lendo notícias. Isso é coisa para jornalistas.
Nos Estados Unidos, são os "anchormen"..." O futuro todos conhecem.
Durante a transmissão, Fátima,
ou William, dizia: "Trinta anos e o
"Jornal Nacional" só está começando...". Como se quisesse acentuar essa preocupação com o futuro, uma sala de aula totalmente
informatizada.
O que o professor escreve no
que não é quadro-negro, os computadores dos alunos guardam
imediatamente. E já estão falando
em neurônios. "Novidades que o
primeiro "JN" não podia imaginar", disse William, ou Fátima. Aí
um avião cai ao decolar do aeroporto de Buenos Aires (isso o
"Repórter Esso" sabia mostrar).
Depois apareceu um alagoano
com dois corações e muita notícia
sobre Timor Leste.
Boa notícia essa que falava de
um aumento de 90% no Procon.
Bom também ouvir o que cada
um tinha achado de mais importante no noticiário desses últimos
30 anos. As imagens lembravam
Tyson, Sinatra, Diana e Dolly. O
"JN" terminou feliz e seco, sem
aquela cascata de nomes enquanto os apresentadores conversavam sobre nada.
O "JN" acabou, mas a televisão
continuou até o Romário golear
aquele outro time, naquela cidade
onde ele não tem um bar. Teve
muita alegria no aniversário do
"Jornal Nacional".
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