São Paulo, Segunda-feira, 06 de Setembro de 1999
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VÍDEO LANÇAMENTOS
"O Outro Lado de Hollywood"

FÁTIMA GIGLIOTTI
da Reportagem Local

Para curtir todas as preciosas sequências do documentário "O Outro Lado de Hollywood", baseado no livro de Vito Russo, é preciso aceitar a premissa de que o cinema é um reflexo cultural da sociedade que o produz. "O espelho de nossas vidas", como diz um dos entrevistados. Dito isso, faz o maior sentido a narração inicial de Lili Tomlin, na qual ela diz que o cinema influenciou o modo de os heterossexuais pensarem sobre os homossexuais, e desses pensarem sobre si mesmos.
E começa a revelação. Depoimentos de diretores, roteiristas e atores, sequências originais cortadas de filmes. Robert Epstein e Jeffrey Friedman usam vários expedientes para narrar a história do homossexualismo no cinema. Por meio dela, defendem a teoria de que os personagens homossexuais estavam a serviço do humor, da compaixão ou do medo.
Nos anos 20, eram "sissies" e faziam rir. A partir de 1934, com o código Hays, foram banidos mediante a censura de "conduta lasciva" no cinema. O que só inspirou realizadores a criar maneiras de burlar o código e, com elas, realizar algumas obras magistrais.
É o caso, já clássico, do épico bíblico "Ben-Hur" (1959), assumido pelo roteirista Gore Vidal num divertido depoimento. Para ele, a origem da rivalidade entre Ben-Hur e Massala foi um romance entre os dois na adolescência. E Charlton Heston nem sabia.
A coisa fica mais séria quando a homossexualidade parece ser a causa de desvios de comportamento sérios, como os da dupla de "Festim Diabólico" (1948), clássico de Alfred Hitchcock, ou o invisível Sebastian, do angustiado "De Repente, no Último Verão" (1959), com Elizabeth Taylor.
"Cabaret" (1972) e "Fome de Viver" (1983) são exemplos de filmes que soltaram as amarras do preconceito. Mesmo que Catherine Deneuve e Susan Sarandon tivessem de ser vampiras para isso.


Avaliação:     

Filme: O Outro Lado de Hollywood (Celluloid Closet) Diretores: Robert Epstein, Jeffrey Friedman Produção: EUA, 1995, 100 min. Gênero: documentário


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