CRÍTICO DA FOLHA

Sabe-se que cantinas são portos seguros para os paulistanos que querem comer fartamente sem gastar os tubos. Além de a comida ser abundante, ela vem daquela cozinha de gosto ecumênico e fácil de aceitar, como é a cozinha caseira italiana. E se é para falar de uma delas, vamos logo às origens, e lembremos da Castelões, instituição paulistana de 81 anos, sempre no mesmo bairro do Brás.
No início era um bar que servia vinho e petiscos -os antepastos italianos-, sob os cuidados do imigrante Ettore Siniscalchi. E era ali que o time de futebol da confeitaria Castelões confraternizava. Com o tempo, além de assumir o nome do time, foi virando a cantina no estilo italiano, aquela que serve tanto pizza quanto massas. É como acontece até hoje: enquanto vários restaurantes que dela derivaram adotaram uma das duas especialidades, ela continua ecumênica. Continua servindo a mesa de antepastos (onde se pode montar um prato para quatro pessoas ao preço de R$ 16); as pizzas de massa grossa e borda crocante, que são as mais famosas da cidade, entre elas a Castelões, com lingüiça caseira (a pizza mais cara sai por R$ 37); e massas em molhos copiosos, que podem alimentar dois famintos por preços máximos de R$ 33. Correndo por fora, pratos de carnes (onde se inclui o frango capão assado).
É admirável que o restaurante tenha mantido suas tradições praticamente nas mãos de uma única família -os Donato, que ali estão há 70 anos, desde que o patriarca Vicente comprou a casa (era o pai do atual dono, João Donato Neto, que, aos 69 anos, já tem ao lado seu filho Fábio, 33). No fim, é uma aula de história com boa comida.