DA ENVIADA AO RIO

Pode uma comédia de costumes brasileira feita há cinco décadas ainda fazer a plateia rir?
Se o timing das piadas, mesmo que velhas, é certo e os atores são bons, pode. "Rico Ri À Toa" levou o público de 2010 a rir com gosto.
O filme, feito em 1957, estreia de Roberto Farias na direção, foi exibido em versão restaurada, no Cine Odeon. Farias, que conheceu a glória no cinema com "Assalto ao Trem Pagador" (1962) e hoje trabalha na TV Globo, parecia perplexo com o fato de alguém ter se interessado por sua primeira aventura.
"Achei que ninguém viesse à sessão", disse, no palco. "Mas, aqui, me lembro da estreia do filme, quando vi o Cine Roxy, em Copacabana, com fila dobrando o quarteirão. Este é o filme mais importante da minha vida."
À época, quando não tinham sido inventadas nem as leis de incentivo, Farias pediu dinheiro emprestado ao pai para fazer o filme. Conseguiu "200 mil cruzeiros", o valor da casa da família.
"Era uma responsabilidade imensa, que hoje eu não assumiria. Em 120 dias, fomos pagar um agiota lá de Friburgo."
Agiota pago, Farias e seus irmãos Reginaldo e Riva nunca mais largaram o cinema. Tudo graças à história do chofer de praça que fica rico do dia para a noite e, depois, descobre que o melhor a fazer é torrar tudo para voltar a ser pobre.
(APS)


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