THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

"Medazzaland" é um disco enganador. Logo na faixa-título, que abre o CD, tudo indica que o Duran Duran aderiu às eletronices pesadas desse mundo pop atual guiado pela demência tecnológica de Moby e Nine Inch Nails.
No entanto, basta chegar à terceira faixa, "Electric Barbarella", para o velho e fiel fã de carteirinha dos Duranies respirar aliviado.
O novo álbum da banda, agora reduzida a um trio com a saída do baixista John Taylor, lembra muito seu terceiro disco, "Seven and the Ragged Tiger" (83).
Lançado depois de o grupo alcançar o megaestrelato com o clássico "Rio", "Seven and the Ragged Tiger" mostrava o Duran Duran tecendo climas musicais além do "roquinho com tecladinho" que reinava na época.
Se era inovador há 14 anos, hoje esse estilo soa nostálgico, mas o Duran Duran consegue transformar isso em qualidade.
Nick Rhodes atualizou toda a parafernália eletrônica que usa no estúdio e continua um músico sofisticado, muito influenciado por David Bowie e Brian Eno. É esse estofo que deixa o Duran Duran muitos pontos acima do tecno.
"Electric Barbarella" parece até um B-side esquecido pela banda lá por 1982, 1983... Sequenciadores rítmicos simples, tecladinho Casio e letra bobinha. Pura new wave. Em outras faixas, o grupo ressalta seu bom gosto para arranjos dançantes e refrãos grudentos.
O Duran Duran 97 acaba levando vantagem sobre o Duran Duran 83 em um quesito: a guitarra enxuta de Warren Cuccurullo, menos pesada que a de Andy Taylor na década passada.
Seu bom trabalho acústico rende duas baladas belíssimas, "Who Do You Think You Are?" e "Michael You've Got a Lot to Answer For", perfeitas para a voz pequena e afinada de Simon Le Bon.
Olhando para seu próprio passado musical, o Duran Duran consegue diferencial suficiente para sobreviver no redemoinho eletrônico que assola o pop.

CD: "Medazzaland"
Banda: Duran Duran
Lançamento: Virgin
Quanto: R$ 18, em média


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