São Paulo, sábado, 06 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Com três Prêmios Jabutis, Chico Buarque foi o campeão da noite

Também pela terceira vez, ele ganhou o Livro de Ficção do Ano

DE SÃO PAULO

A reação já era esperada: assim que o cantor Chico Buarque subiu ao palco da Sala São Paulo, durante a cerimônia de entrega do Prêmio Jabuti, vozes femininas vindas da plateia gritaram "lindo" e "gostoso".
A cena repetiu-se três vezes na noite de anteontem.
Chico foi o grande campeão da cerimônia. Pelo livro "Leite Derramado" (Companhia das Letras) ele ganhou os prêmios de Livro do Ano de Ficção, Livro do Ano pelo Voto Popular e o prêmio de segundo lugar na categoria romance.
Muito assediado pelos fotógrafos, Chico, também como já era esperado, não deu entrevistas.
Assim que a cerimônia acabou ele saiu pela porta lateral da Sala São Paulo, acompanhado por Luiz Schwarcz e Maria Emilia Bender, editores da Companhia das Letras.
Foi a terceira vez que Chico recebeu o prêmio máximo do Jabuti.
"Estorvo" (1992) e "Budapeste" (2004) também foram eleitos os Livros do Ano.
Dar o principal prêmio a um livro que não ficou em primeiro lugar em sua categoria, caso de Chico, não é incomum no Jabuti.
Os júris são diferentes nos dois casos. O Prêmio de Livro do Ano é concedido pelo mercado editorial e costuma levar em conta, além da qualidade do autor, o trajeto comercial da obra.
O outro prêmio mais importante da noite, Livro do Ano de Não Ficção, foi para a psicanalista Maria Rita Kehl, autora de "O Tempo e o Cão".
Ela e Chico receberão R$ 30 mil reais cada um.
"Ganhar o Jabuti e ainda fazer uma dobradinha com o Chico foi muito bom. Quando eu tinha 15 anos sonhava fazer letra para as melodias dele", disse Kehl.
A psicanalista foi muito aplaudida ao subir ao palco.
Ex-colunista do "O Estado de S. Paulo", Kehl foi demitida no início de outubro após escrever um texto em que criticava a "desqualificação", por certa parte da sociedade, dos votos de quem recebe o Bolsa Família.
"Fiquei muito feliz com a recepção do público. Tenho recebido apoio em vários lugares que frequento."
O "Estado" justificou a demissão afirmando que a troca de colunistas é comum. Já Kehl contesta a versão.
"Foi uma resposta cínica. Estava só há nove meses lá. O motivo foi mesmo o texto, que contrariou a posição da direção do jornal", disse.
Na cerimônia também foram premiados os 63 vencedores das 21 categorias do Jabuti.
(MARCO RODRIGO ALMEIDA)


Texto Anterior: Crítica/Romance: Distopia política da russa Ayn Rand é obra monumental
Próximo Texto: Clássico de Huizinga revela seu fascínio pela época medieval
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.