São Paulo, Segunda-feira, 06 de Dezembro de 1999


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A palavra derrota a coisa em "Imagem Escrita"

especial para a Folha

Renata Salgado chegou às artes plásticas por Freud. "Está na "Interpretação dos Sonhos": Todo sonho é, entre outras coisas, um texto, uma escritura em imagens."" Juntou a isso duas frases feitas, que ouviu muito nos últimos anos: 1) "A psicanálise está em crise"; 2)"A arte contemporânea está em crise."
Viu o divórcio entre palavra e coisa, significado e significante dos livros de arte que comprava. Quis que a palavra agisse como "adjetivo" das imagens que gostava. Ao pensar em "Imagem Escrita", não pensou primeiro na imagem. Veio primeiro o comentador. "Não sou curadora. Minhas escolhas passam por amizades. Queria, contudo, que mais gente, cineastas e poetas, por exemplo, tivessem voz nesse assunto."
Renata diz, contudo, que não conhecia alguns artistas que foram selecionados para o livro. "Dei o espaço. O objetivo era buscar uma leitura das obras de outra forma, uma interlocução com a dramaturgia, com a poesia."
Talvez involuntariamente, Renata se tornou uma revolucionária. Rechaçou o monopólio dos "exegetas" da arte contemporânea com seu livro.
As leituras dos artistas nele contidas (não todas, evidentemente, vide a que "define" Tunga) são acessíveis e pertinentes. Vale citar o esforço de Domingos Oliveira, responsável pela "tradução" de José Bechara. Oliveira criou um personagem, o "Idiota Plástico", para mostrar seu desconforto diante da arte contemporânea.
Em suas definições, artistas são "chocadores dos burgueses" ("botam em exposição excrementos e palavrões") ou "novidadeiros evolutivos" ("Cortam um boi ao meio, põem um tubarão dentro do aquário..."). O texto de Oliveira atrai mais que as imagens de Bechara. Missão cumprida. (PV)


Avaliação:     

Livro: Imagem Escrita
Coordenação: Renata Salgado
Lançamento: Paz e Terra
Quanto: R$ 78 (192 págs.)
Quando: hoje, 19h, no MAM (parque Ibirapuera, portão 3, tel. 0/xx/11/549-9688)





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