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A palavra derrota a coisa em "Imagem Escrita"
especial para a Folha
Renata Salgado chegou às artes
plásticas por Freud. "Está na "Interpretação dos Sonhos": Todo sonho é, entre outras coisas, um texto, uma escritura em imagens.""
Juntou a isso duas frases feitas,
que ouviu muito nos últimos
anos: 1) "A psicanálise está em
crise"; 2)"A arte contemporânea
está em crise."
Viu o divórcio entre palavra e
coisa, significado e significante
dos livros de arte que comprava.
Quis que a palavra agisse como
"adjetivo" das imagens que gostava. Ao pensar em "Imagem Escrita", não pensou primeiro na imagem. Veio primeiro o comentador. "Não sou curadora. Minhas
escolhas passam por amizades.
Queria, contudo, que mais gente,
cineastas e poetas, por exemplo,
tivessem voz nesse assunto."
Renata diz, contudo, que não
conhecia alguns artistas que foram selecionados para o livro.
"Dei o espaço. O objetivo era buscar uma leitura das obras de outra
forma, uma interlocução com a
dramaturgia, com a poesia."
Talvez involuntariamente, Renata se tornou uma revolucionária. Rechaçou o monopólio dos
"exegetas" da arte contemporânea com seu livro.
As leituras dos artistas nele contidas (não todas, evidentemente,
vide a que "define" Tunga) são
acessíveis e pertinentes. Vale citar
o esforço de Domingos Oliveira,
responsável pela "tradução" de
José Bechara. Oliveira criou um
personagem, o "Idiota Plástico",
para mostrar seu desconforto
diante da arte contemporânea.
Em suas definições, artistas são
"chocadores dos burgueses"
("botam em exposição excrementos e palavrões") ou "novidadeiros evolutivos" ("Cortam um boi
ao meio, põem um tubarão dentro do aquário..."). O texto de Oliveira atrai mais que as imagens de
Bechara. Missão cumprida.
(PV)
Avaliação:
Livro: Imagem Escrita
Coordenação: Renata Salgado
Lançamento: Paz e Terra
Quanto: R$ 78 (192 págs.)
Quando: hoje, 19h, no MAM (parque
Ibirapuera, portão 3, tel. 0/xx/11/549-9688)
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