São Paulo, Segunda-feira, 06 de Dezembro de 1999


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CINEMA/FESTIVAIS

Documentário sobre cantor holandês vence em Amsterdã

do enviado a Amsterdã

Um retrato sem retoques de um ídolo da música popular holandesa, "André Hazes - Zij Gelooft in Mij" (André Hazes - Ela Acredita em Mim) recebeu na noite de anteontem o Prêmio Joris Ivens de melhor filme do 12º Festival Internacional de Documentários de Amsterdã. Dirigido por John Appel, o filme recebera entusiástica recepção na abertura do evento.
André Hazes canta baladas românticas inspiradas, como reconhece, pelo fado português. Até agora, era um sucesso de público, visto sem complacência pela crítica. O documentário de Appel aproxima-o agora de uma audiência mais sofisticada.
No show que concedeu na noite de abertura, Hazes revelou-se um improvável misto de Elvis Presley e Julio Iglesias. É um fenômeno exclusivamente holandês, nem mesmo europeu.
John Appel acompanhou-o durante um ano. Mostra-o nos bastidores de show, gravando um novo disco, envolvido em problemas domésticos. O subtítulo, emprestado de uma de suas canções mais célebres, refere-se à atribulada relação com sua esposa, uma ex-fã 20 anos mais jovem.
"André Hazes" é um documentário envolvente, mas que não vai além do correto. Seu impacto não chega aos pés do vencedor do Prêmio Especial do Júri, o britânico "A Cry From the Grave" (Um Choro do Túmulo), dirigido por Leslie Woodhead.
Woodhead reconstitui passo a passo o massacre de muçulmanos por tropas da Sérvia em Srebenica, Bósnia, em junho de 1994. "O pior massacre na Europa pós-Segunda Guerra" eliminou 7.414 pessoas -e a conta ainda não terminou. A omissão das tropas da ONU sediadas na região acaba de ser reconhecida por um relatório da própria entidade. Ainda vai se ouvir falar muito de Srebenica.
"A Cry From The Grave" reafirma o extraordinário potencial da utilização de videocâmeras amadoras pelo documentário. Woodhead teve acesso a material gravado pelos três lados do conflito. O resultado é uma espécie de Guernica (quadro de Picasso sobre a Guerra Civil Espanhola) audiovisual contemporânea.
A competição de vídeo elegeu "Les Enfants du Borinage - Lettre à Henri Storck", do belga Patric Jean. O jovem realizador revisita os bolsões miseráveis da Bélgica revelados ao mundo em 1933 por um documentário clássico de Henri Storck e Joris Ivens.
Não houve prêmios para os dois concorrentes brasileiros, "Nós Que Aqui Estamos Por Vós Esperamos", de Marcelo Masagão e "Fé", de Ricardo Dias. Ainda assim, ambos marcaram o festival.
O filme de Masagão inspirou a retrospectiva do ano, "Ícones do Século". "Fé" ficou entre os dez títulos mais procurados no mercado. Ambos participam agora da competição de documentários no corrente 21º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano de Havana. (AL)


Amir Labaki esteve na cidade de Amsterdã a convite da Secretaria para o Desenvolvimento do Audiovisual (MinC) e da organização do festival.


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