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CINEMA/FESTIVAIS
Documentário sobre cantor holandês vence em Amsterdã
do enviado a Amsterdã
Um retrato sem retoques de um
ídolo da música popular holandesa, "André Hazes - Zij Gelooft in
Mij" (André Hazes - Ela Acredita
em Mim) recebeu na noite de anteontem o Prêmio Joris Ivens de
melhor filme do 12º Festival Internacional de Documentários de
Amsterdã. Dirigido por John Appel, o filme recebera entusiástica
recepção na abertura do evento.
André Hazes canta baladas românticas inspiradas, como reconhece, pelo fado português. Até
agora, era um sucesso de público,
visto sem complacência pela crítica. O documentário de Appel
aproxima-o agora de uma audiência mais sofisticada.
No show que concedeu na noite
de abertura, Hazes revelou-se um
improvável misto de Elvis Presley
e Julio Iglesias. É um fenômeno
exclusivamente holandês, nem
mesmo europeu.
John Appel acompanhou-o durante um ano. Mostra-o nos bastidores de show, gravando um novo disco, envolvido em problemas domésticos. O subtítulo, emprestado de uma de suas canções
mais célebres, refere-se à atribulada relação com sua esposa, uma
ex-fã 20 anos mais jovem.
"André Hazes" é um documentário envolvente, mas que não vai
além do correto. Seu impacto não
chega aos pés do vencedor do
Prêmio Especial do Júri, o britânico "A Cry From the Grave" (Um
Choro do Túmulo), dirigido por
Leslie Woodhead.
Woodhead reconstitui passo a
passo o massacre de muçulmanos
por tropas da Sérvia em Srebenica, Bósnia, em junho de 1994. "O
pior massacre na Europa pós-Segunda Guerra" eliminou 7.414
pessoas -e a conta ainda não terminou. A omissão das tropas da
ONU sediadas na região acaba de
ser reconhecida por um relatório
da própria entidade. Ainda vai se
ouvir falar muito de Srebenica.
"A Cry From The Grave" reafirma o extraordinário potencial da
utilização de videocâmeras amadoras pelo documentário. Woodhead teve acesso a material gravado pelos três lados do conflito.
O resultado é uma espécie de
Guernica (quadro de Picasso sobre a Guerra Civil Espanhola) audiovisual contemporânea.
A competição de vídeo elegeu
"Les Enfants du Borinage - Lettre
à Henri Storck", do belga Patric
Jean. O jovem realizador revisita
os bolsões miseráveis da Bélgica
revelados ao mundo em 1933 por
um documentário clássico de Henri Storck e Joris Ivens.
Não houve prêmios para os dois
concorrentes brasileiros, "Nós
Que Aqui Estamos Por Vós Esperamos", de Marcelo Masagão e
"Fé", de Ricardo Dias. Ainda assim, ambos marcaram o festival.
O filme de Masagão inspirou a
retrospectiva do ano, "Ícones do
Século". "Fé" ficou entre os dez títulos mais procurados no mercado. Ambos participam agora da
competição de documentários no
corrente 21º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano de Havana.
(AL)
Amir Labaki esteve na cidade de Amsterdã
a convite da Secretaria para o Desenvolvimento do Audiovisual (MinC) e da organização do festival.
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