São Paulo, Segunda-feira, 06 de Dezembro de 1999


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Críticos elegem filme de Alea como principal clássico cubano

AMIR LABAKI
enviado especial a Havana

A mais nova pesquisa com críticos locais elegeu o drama político "Memórias do Subdesenvolvimento" (1968), de Tomás Gutiérrez Alea, como o maior clássico da história do cinema cubano. Obtido com exclusividade pela Folha, o levantamento será publicado em fevereiro de 2000.
O historiador Juan Antonio García Borrero ouviu 28 especialistas para um dos capítulos de abertura de seu ainda inédito "Guia Crítico del Cine Cubano de Ficcion (1910-1999)". A enciclopédia, sem similar, é organizada a partir dos títulos de uma filmografia essencial.
O original enfoque de García Borrero examina a história do cinema cubano como um todo, rompendo com a tradicional ênfase sobre a produção pós-revolucionária centralizada pelo Instituto Cubano de Artes e Ciências Cinematográficas (ICAIC). É uma espécie de "glasnost" na crítica nacional.
"Trato do cinema mudo, do filme sonoro pré-revolucionário e da produção pós-revolução", disse o pesquisador à Folha. "Incluo títulos do cinema "submergido" (underground), filmes mais experimentais rodados nos anos 80 fora da produção do ICAIC, naquela época dedicada a filmes "populistas", impecáveis tecnicamente, mas menos ousados."
Como ele analisa o cinema sonoro de 1930 a 1959, tradicionalmente estigmatizado como desimportante? "Não havia uma produção estruturada, mas existiram sim, aqui e ali, filmes importantes, para além dos estereótipos da produção mais popular", sustenta García Borrero.
Um único filme daquele período aparece na lista, no 28º e último posto: "La Mesera del Café del Puerto" (1955), um melodrama de Juan Orol, co-produzido com o México. García Borrero registra o fato, mas, em seu verbete, considera-o um filme secundário. Na outra ponta, o filme mais recente lembrado é "Amor Vertical" (1996), de Arturo Sotto, situado na 27ª posição.
Nada menos que 4 dos 10 maiores clássicos são de Alea. "Morango e Chocolate" (1993), co-dirigido com Juan Carlo Tabío, ocupa o terceiro posto. Seguem-se "A Morte de Um Burocrata" (1965), no sexto posto, e "A Última Ceia" (1976), no sétimo.
A relação apresenta ainda "Lucia" (1968), de Humberto Solás, na segunda posição; "Madagascar" (1994), de Fernando Perez, na quarta; "Papeles Secundários" (1989), de Orlando Rojas, na quinta; "La Primera Carga al Machete" (1968), de Manuel Octavio Gomes, em oitavo; "De Cierta Manera" (1975), de Sara Gomes, em nono; por fim, em décimo, "Retrato de Teresa" (1979), de Pastor Vega.
O novo filme de Vega, "Las Profecías de Amanda", é um dos quatro concorrentes cubanos no corrente 21º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano. Baseado num profeta popular real, já estreou nas salas cubanas. Não agradou à crítica, mas foi sucesso de público.


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