|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mostra em NY
cria polêmicas
da Reportagem Local
Nem depois de morto o pintor
Francis Bacon deixou de criar polêmicas. A mais recente acontece
junto com a mostra de 17 obras do
artista irlandês em cartaz até o dia
16 na galeria Tony Shafrazi (119,
Wooster Street, Nova York). São
telas realizadas entre 1949 e 1991,
algumas nunca vistas em público.
O primeiro ponto polêmico é a
procedência das obras, que pertencem ao legado do artista. Acreditava-se que algumas delas haviam sido destruídas pelo próprio
Bacon, mas foram reencontradas
no ateliê do artista ou no local onde costumava emoldurá-los.
John Edwards, amante e herdeiro do artista, fala apenas por meio
de seu advogado e não esclareceu
por que só agora decidiu apresentar esses trabalhos ao público.
Outro mistério é a decisão de trocar a galeria de Bacon, que foi representado pela Marlborough de
1958 até sua morte. Hoje sua obra
está com as galerias Tony Shafrazi
(NY) e Faggionato (Londres).
Iraniano de nascimento, Shafrazi
ficou famoso em 1974 depois de
entrar no MoMA e pichar as palavras "Kill Lies All" sobre a tela
"Guernica", de Picasso. Em 1979,
Shafrazi abriu sua galeria, que comercializa obras de Jean-Michel
Basquiat e Keith Haring.
Apesar de reduzida, a mostra representa um bom panorama da
obra do artista e conta com verdadeiras obras-primas, como "Estudo a partir de Velázquez" (1950) e
"Estudo para Paisagem a partir de
Van Gogh" (1957; em que Bacon
quase abandona a figuração).
A mostra possibilita também
uma boa visão das influências de
Bacon, como os estudos fotográficos que o inglês Eadweard Muybridge realizou sobre o corpo humano no final do século passado.
Também explicita a sua fixação pelas formas e cores da boca humana
e a sua certeza de que o homem é
um ser condenado à solidão. (CF)
Texto Anterior: Bacon - "A Brutalidade do Fato" traz novas verdades sobre o artista Próximo Texto: Trechos Índice
|