São Paulo, Quinta-feira, 07 de Janeiro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mostra em NY cria polêmicas

da Reportagem Local

Nem depois de morto o pintor Francis Bacon deixou de criar polêmicas. A mais recente acontece junto com a mostra de 17 obras do artista irlandês em cartaz até o dia 16 na galeria Tony Shafrazi (119, Wooster Street, Nova York). São telas realizadas entre 1949 e 1991, algumas nunca vistas em público.
O primeiro ponto polêmico é a procedência das obras, que pertencem ao legado do artista. Acreditava-se que algumas delas haviam sido destruídas pelo próprio Bacon, mas foram reencontradas no ateliê do artista ou no local onde costumava emoldurá-los.
John Edwards, amante e herdeiro do artista, fala apenas por meio de seu advogado e não esclareceu por que só agora decidiu apresentar esses trabalhos ao público.
Outro mistério é a decisão de trocar a galeria de Bacon, que foi representado pela Marlborough de 1958 até sua morte. Hoje sua obra está com as galerias Tony Shafrazi (NY) e Faggionato (Londres).
Iraniano de nascimento, Shafrazi ficou famoso em 1974 depois de entrar no MoMA e pichar as palavras "Kill Lies All" sobre a tela "Guernica", de Picasso. Em 1979, Shafrazi abriu sua galeria, que comercializa obras de Jean-Michel Basquiat e Keith Haring.
Apesar de reduzida, a mostra representa um bom panorama da obra do artista e conta com verdadeiras obras-primas, como "Estudo a partir de Velázquez" (1950) e "Estudo para Paisagem a partir de Van Gogh" (1957; em que Bacon quase abandona a figuração).
A mostra possibilita também uma boa visão das influências de Bacon, como os estudos fotográficos que o inglês Eadweard Muybridge realizou sobre o corpo humano no final do século passado. Também explicita a sua fixação pelas formas e cores da boca humana e a sua certeza de que o homem é um ser condenado à solidão. (CF)

Texto Anterior: Bacon - "A Brutalidade do Fato" traz novas verdades sobre o artista
Próximo Texto: Trechos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.