São Paulo, quarta-feira, 07 de fevereiro de 2001

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HISTÓRIA
"Correio Braziliense", fundado em 1808, terá todos os números reimpressos
Primeiro jornal brasileiro ganha reedição fac símile

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O primeiro jornal brasileiro está voltando às rotativas. O "Correio Braziliense", que circulou entre 1808 e 1822, terá todas as suas edições reimpressas e encadernadas em 31 volumes.
O anúncio foi feito ontem, na sede da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, que coordena a reedição fac-similar do periódico.
Criado, redigido e impresso por Hipólito José da Costa, em Londres, o "Correio", que usava como subtítulo "Armazem (sem acento mesmo) Literário", tinha perfil político e cultural. "O primeiro dever do homem em sociedade he ser util aos membros della", explicava (com o português de então) o trecho inicial da primeira das 175 edições do jornal.
De acordo com Sérgio Kobayashi, presidente da Imprensa Oficial, o projeto de reedição do "Correio" custará R$ 1,5 milhão.
O valor será dividido com os parceiros da instituição na empreitada, o Instituto Uniemp, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e o jornal "Correio Braziliense", de Brasília, que não tem vínculo com a publicação pioneira. As três entidades assinam hoje, em Brasília, o acordo de publicação.
O primeiro volume da reedição, que reúne os números publicados em 1808, deve ser lançado em março. Os 30 restantes, que incluem um tomo com índices e outro com comentários históricos (editado pelo coordenador do projeto, Alberto Dines), devem ser publicados mensalmente.
De acordo com Kobayashi, a tiragem da coleção será de 3.500 exemplares, dos quais só estarão à venda cerca de 800 (sendo os demais distribuídos para bibliotecas e outras instituições).
Os livros estão sendo feitos com base em coleção completa dos periódicos que faz parte da biblioteca do empresário José Mindlin. "É a única coleção completa em condições de manuseio conhecida", explica Kobayashi.
Na cerimônia em que lançou o projeto de reedição do "Correio Braziliense", o presidente da Imprensa Oficial também anunciou os demais projetos editoriais da instituição para este ano.
"Em 2001, faremos 120 livros em parceria com outras editoras", disse, salientando que o custo desses projetos seria de só R$ 2,2 milhões dos R$ 110 milhões de faturamento previsto da Imprensa Oficial. Nos últimos cinco anos, foram feitas 118 co-edições.
"São livros sem apelo comercial e reputados como de interesse cultural e histórico. Se não o fizermos, deixaremos a cultura e a história ao relento", diz Kobayashi.
O presidente da empresa falou ainda sobre o "Diário Oficial do Estado", publicação para a qual a Imprensa Oficial foi criada, há 110 anos. "São gastas 20 toneladas de papel diariamente para a impressão do "Diário", o maior jornal do Ocidente, com mais de 1.500 páginas diariamente."



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