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Pianista que é figura principal do filme concorrente ao Oscar se apresenta em Boston para 2.000 pessoas
`Shine' transforma Helfgott em superastro
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington
Em "Shine", o momento de
ruptura entre o pai dominador e o
menino-prodígio ocorre quando o
garoto é proibido de aceitar convite para estudar piano nos EUA.
Não é certeza que o violinista
Isaac Stern tenha sido, como o filme mostra, o autor do convite
(Stern diz não se lembrar do incidente). Mas não há dúvida na
mente de David Helfgott de que o
sonho não realizado da América
foi uma frustração marcante.
Nesta semana, Helfgott, 49,
transformado em superastro por
causa de "Shine", chega, afinal,
às principais salas americanas de
concerto. Os críticos dizem que ele
toca piano como uma criança e
não deve ser levado a sério. Mas o
público o recebe como um ídolo.
A estréia de Helfgott foi em Boston, a mais européia e culturalmente empedernida das cidades
dos EUA. O principal crítico musical do "Boston Globe", Richard
Dyer, escreveu que sua performance foi "sem entendimento
harmônico, sem fraseado, sem estilo, sem diferenciação, sem precisão e sem conteúdo emocional".
Mas as 2.000 pessoas que pagaram US$ 50 o aplaudiram de pé à
entrada e à saída. Helfgott cantarolou, murmurou frases desconexas
para si mesmo e correu pelo palco
durante o concerto.
Helfgott sofre de imprecisa
doença mental e passou 15 anos
em manicômios após ter sofrido
um estresse nervoso ao interpretar
a mais difícil peça para piano que
existe, o "Concerto Nş 3", do russo Sergei Rachmaninoff.
O filme atribui seus problemas
emocionais ao pai, sobrevivente
do Holocausto, autoritário e
agressivo. Mas uma irmã de Helfgott discorda dessa versão e diz
que o pai era "um santo".
Mas se ele estava ou não destinado a ser um grande concertista, o
fato é que agora é uma celebridade,
apesar de os mais exigentes acharem que ele tem sido explorado como extravagância circense.
O disco em que ele toca o "Rach
3" é líder em vendas entre clássicos nos EUA, a trilha de "Shine"
está em segundo lugar na lista da
"Billboard", o filme rendeu US$
27,6 milhões e os ingressos para
seus recitais esgotaram em horas.
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