São Paulo, sábado, 7 de março de 1998

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Publicitário estréia no cinema

da Redação

"Até Que a Vida Nos Separe" é a estréia do publicitário José Zaragoza, 67 anos, no cinema. O filme conta a história de cinco amigos: Lulu (Betty Goffman), Maria (Julia Lemmertz), João (Alexandre Borges), Paulo (Marco Ricca) e Pedro (Norton Nascimento).
"Uma coisa que sempre me surpreendeu no brasileiro é como ele se comporta sempre que há uma amizade leal. Como fica com saudade do amigo, combina de sair com ele, manda beijo por telefone. Homem mandar beijo para homem eu acho muito estranho", ri o espanhol Zaragoza.
Mas ele não teme ver com olhos de estrangeiro essas características brasileiras. "Acho que vai ser um filme brasileiro mesmo, porque é uma crônica e eu vou tentar ser o mais honesto e sincero possível."
Os cinco personagens são de classe média, vivem em São Paulo e têm por volta de 30 anos. João é esportista e alto funcionário da Bolsa, mas esconde a mãe, vivida por Darlene Glória, de quem tem vergonha. Maria é uma mulher bonita, mas com dificuldades de se relacionar amorosamente. Pedro é diretor de marketing de uma editora, mas gosta de garotas de programa. Lulu é produtora de moda, extrovertida, sempre disposta a mudar o visual radicalmente para conseguir um namorado. Paulo administra uma imobiliária e é homossexual.
"Escrevi uma história de cinco pessoas que se gostam muito. Eles se encontram sempre. Mas tem uma hora que têm de botar a mão no bolso, pegar a chave, abrir a porta, acender a luz e administrar a solidão. O filme focaliza de que forma os cinco personagens administram a solidão", diz Zaragoza.
Os US$ 3,5 milhões do orçamento foram levantados junto a empresas por meio das leis do Audiovisual e Rouanet. O diretor acha que o fato de ser publicitário, tendo como clientes grandes empresas, facilitou a captação de recursos. "Não por aquilo que sou, mas por aquilo que fiz pelo cliente. E porque eles acham que vai ser um bom filme, honesto pelo menos." "Até Que a Vida Nos Separe" deve ser lançado em outubro.
Zaragoza já pensa em mais duas produções. "Mas antes vamos acabar esse aqui. Quero fazer uma trilogia: esse primeiro se passa na classe média e trata de comportamento; o segundo, na classe média alta, abordaria o abuso sexual contra crianças; e o terceiro seria num mutirão de construção de casas populares." (MaM)



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