CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

Para o conforto do corpo e dos olhos dos brasileiros, estão chegando ao país algumas das mais clássicas criações do design mundial produzidas neste século, como a T-chair, de Antonio Citterio; a cadeira Wire, do casal Charles e Ray Eames; e a cadeira Panton, de Verner Panton.
Esses três produtos e todo o catálogo da indústria germano-suíça Vitra, uma das maiores do mundo, acaba de ganhar um representante por aqui: a Dotto Import. O acordo entre as duas existe há alguns meses, mas foi homologado esta semana, com a presença de Patrick Guntzburger, um dos diretores da empresa, que veio ao Brasil divulgar o acordo e avaliar a possibilidade de implantação de uma fábrica para a montagem de alguns dos produtos da empresa no país, ainda na dependência da aceitação dos produtos.
O diretor acredita que os móveis criados pelo italiano Antonio Citterio devam ser os mais aceitos no Brasil. De suas criações, duas chegam ao país em partes e são montadas aqui: as cadeiras Axess e Quattro.
A Vitra trabalha com mobiliário em geral, mas seu forte está em produtos para escritório, desenvolvidos em cima de conceitos como non territorial office, em que os móveis não pertencem mais a uma pessoa determinada, mas à pessoa que ali desenvolve uma função naquele momento. Nesses casos, a personalidade do usuário vem em um pequeno móvel com gavetas e rodinhas para deslocar os seus pertences.
Preocupações ergonômicas também são prioridade. O tampo das mesas, por exemplo, deve ter uma maior profundidade, para permitir o posicionamento de um monitor de computador a uma distância ideal dos olhos do usuário. Assim não temos problemas com as empresas e médicos europeus, disse Guntzburger.
Outra preocupação é a ecologia. Segundo o diretor, a Vitra não trabalha com matéria prima composta, em que entram mais de um material e que não pode ser reutilizada. Também trocaram materiais originais, como a madeira peroba rosa utilizada na poltrona Eames, substituída por cerejeira.
A Vitra foi fundada em 1934, mas avançou definitivamente no mercado mundial de design em dois momentos: em 1950, com a construção de sua fábrica na Alemanha (em Weil am Rhein), e em 1957, com o licenciamento para produção dos móveis criados pelo casal Charles e Ray Eames, que criaram o perfil da empresa: produtos de longa duração, que utilizam pouco material e com linhas clássicas.
A empresa produz e comercializa hoje criações dos maiores nomes do design mundial, como Antonio Citterio, Philippe Starck, Alberto Meda, Paolo Deganello, Mario Bellini e Verner Panton. Está presente em instituições culturais, como o salão nobre do Instituto do Mundo Árabe (cadeira Aluminium), em Paris; ambientes políticos , como o parlamento alemão (cadeira Figura); e espaços públicos, como a estação de metrô de trem de Waterloo, em Londres (bancos Tandem).
Mas nem tudo o que a Vitra produz vem para o Brasil ou está em catálogo. A empresa tem um programa de desenvolvimento de produtos que raramente saem do protótipo. São móveis criados com total liberdade por designers do mundo inteiro, como Shiro Kuramata, Frank O. Gehry, Ron Arad e Ettore Sottsass. Para desenvolver um produto para o mercado, o designer tem sua liberdade limitada por questões como custo, uso de materiais, ergonomia. Com os móveis da Vitra Ediction, ele tem liberdade total de criação, disse Guntzburger, que concorda que o maior lucro com esse tipo de iniciativa foi a publicidade que a empresa recebeu.