São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2000


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NETVOX
Moda ainda não cabe na Internet

MARIA ERCILIA
Colunista da Folha

Ainda é difícil comprar um vestidinho pela Internet. As lojas são poucas, os estoques são pequenos, a maioria delas entrega só em seu próprio país.
A indústria da moda é a que menos demonstra pressa em marcar presença na rede. Talvez porque seja difícil trazer para esse ambiente pedestre o ritual feminino de comprar uma roupinha, que nunca se reduz à satisfação de uma necessidade. Pode envolver um passeio com a mãe, com a amiga ou sozinha. Pegar a peça na mão, falar com a vendedora, provar com um sapato ou outro.
Como adaptar tudo isso ao monótono clic-clac do teclado e aos monitores mostrando fotos pequeninas e mal definidas? A moda sempre viveu de vender uma fantasia de privilégio e exclusividade, que cabe mal num monitor igual a todos os outros.
Há algum tempo, precisei comprar umas roupas para praticar esporte e resolvi procurar na Internet, mais por curiosidade. Descobri que as marcas esportivas vendem, e muito, pela Internet. Se as pessoas estão comprando, isso já é outro assunto.
Passei uns três dias clicando. Vi lojas como MountainZone (www.mountainzone.com), Altrec (www.altrec.com), MooseJaw (www.moosejaw.com), REI (www.rei.com) e Boo.com (www.boo.com). Essa última me deixou maluca. Gráficos complicados, páginas que não terminavam nunca de carregar e invenções inúteis, como uma "assistente de compras virtual" -uma personagem de quadrinhos que soltava comentários inoportunos de vez em quando.
As melhores lojas vão direto ao ponto. Catálogos grandes, fotos que você pode ampliar, tabelas de medidas e uma busca rápida.
Mesmo assim, é uma experiência mais deprimente que comprar roupa por catálogo. Sempre faltava alguma coisa -ou não tinha a cor certa, ou o tamanho, ou o estoque tinha acabado, ou sei lá o quê. Depois de muito clique, achei o casaco que queria. Quase. Sem entrega no Brasil.
Pelo menos serviu para pesquisar, agora encontro a loja que vende esse modelo e pronto.
Um mês depois, por acaso, achei o tal casaco, da cor e do tamanho que queria. Era o último, o único, precinho bom... Decepção. Não se parecia nada com o que eu tinha imaginado. O tecido era pesado, não caía bem. Ainda vai demorar para eu me arriscar de novo.
Desde minha tentativa fracassada, a Boo.com melhorou. Livrou-se dos barulhinhos e efeitos inúteis, ficou mais prática e rápida. Mas ainda está longe de proporcionar uma experiência agradável. Para quem é do ramo, há muito o que aprender com os erros dessa loja: é uma empresa européia que recebeu um investimento enorme no ano passado e demorou muitos meses para ser montada. Foi um enorme fracasso, justamente por causa da dificuldade que qualquer visitante que não tivesse uma conexão ultra-rápida encontrava. Não é esse o caminho para traduzir o ambiente de uma loja de verdade.
BlueFly.com (www.bluefly.com), por exemplo, tenta compensar a aridez da Internet com artigos de revistas e comentários de especialistas sobre itens de seu catálogo. Oferece estilistas famosos, como Prada, Gucci, DKNY, Calvin Klein. Troca mercadorias em até 90 dias, vende roupa de homem, adolescente e criança com desconto.
Outros endereços interessantes:
  FashionDig (www.fashiondig.com) - Roupas de época. Anos 40, 50, 60... Tem galeria, livraria e fórum, tudo sobre moda. Para quem leva a sério.
  Dolce & Gabanna - Só para ver as coleções -e a Giselle. Em inglês ou italiano.
  LuxuryFinder (www.luxuryfinder.com) - Loja de presentes, vende também alguns acessórios. Tudo de boa qualidade -e muito caro.
  Fashion Wire Daily (www.fashionwiredaily.com) - Fofocas, notícias, muitas fotos. Tudo sobre moda.
  Worth Global Style Network (www.wgsn.com) - Site pago, para profissionais de moda.
  Show (www.showstudio.com) - Ainda não estreou. Futuro site do fotógrafo Nick Knight e do diretor de arte Peter Saville.


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