especial para a Folha


Poucas trilhas dialogam tão bem com seu filme como esta. Quando escrevia o roteiro, James Mangold escolheu músicas que identificava com o espírito do livro de Susanna Kaysen. Canções que misturam melancolia e ironia ao mote do desajuste social. A maioria cantada por mulheres.
O resultado é um repertório de clássicos da segunda metade dos anos 60 (a ação transcorre entre 67 e 69) e uma inspirada trilha incidental do canadense Mychael Danna ("Tempestade de Gelo").
O CD abre com os roqueiros do retrô Wilco, banda atual que gostaria de voltar a 67. "How to Fight Loneliness" fica a meio caminho entre a depressão profunda e a vontade de dar a volta por cima.
Outra música sobre solidão é "It's All Over Now Baby Blue", de Bob Dylan, aqui em uma de suas melhores versões. Quem interpreta é o Them, com o mítico cantor irlandês Van Morrison.
Monstro sagrado do rock, The Band brilha com o que é talvez seu maior hit. "The Weight", mais do que clássica, é a perfeita canção pop de Robbie Robertson. A letra fala de um cara buscando um esconderijo, como Susanna.
The Mamas & The Papas interpretam a fofa "Get a Fellin'", e o balanço dos Chambers Brothers está em "Time Has Come Today".
Outro ícone sessentista, o Jefferson Airplane comparece com a balada "Comin" Back to Me". Linda, esperançosa e, lógico, com clima "viajandão". Mais esperança é derramada em "Angel of the Morning", hit maior de Merrilee Rush que foi regravado por Deus e o mundo, de Abba a Pretenders.
Aretha Franklin detona o vozeirão em "The Right Time". Genial, de arrepiar. E seu clima sexy faz o contraponto perfeito à bela e para lá de ingênua balada "The End of the World", com o vocal redondinho de Skeeter Davis.
Petula Clark, talvez a cantora pop mais marcante dos 60, levanta qualquer um com o balanço de "Downtown". A letra? Quando tudo está barra, você sempre pode ir ao centro da cidade para ouvir o barulho dos carros, o riso das pessoas que passam e "as canções de bossa nova". A vida é bela, decreta Petula Clark. (TM)