São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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MÚSICA/CDS/DVDS

MPB

O amor, o futebol e a literatura são os temas da terceira caixa de DVDs da série

Canções de Chico viram pano de fundo para bela Europa

João Wainer/Divulgação
Chico Buarque, em cena da série gravada na Europa; compositor se emocionou ao ver Budapeste


LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

A série de programas com Chico Buarque dirigida por Roberto de Oliveira -exibida em DirecTV, Band e Multishow- é um conjunto de fragmentos com embalagem conceitual.
Cada especial tem um tema. Lançada agora pela EMI, a terceira caixa de DVDs reúne do sétimo ao nono, que tratam, respectivamente, das canções de amor ("Romance"), de uma das grandes paixões do compositor ("O Futebol") e da relação com a literatura ("Uma Palavra").
As músicas de Chico relacionadas aos temas são o mote, mas não dá para afirmar que sejam o coração da edição. A forte preocupação em aproveitar as cenas de arquivo -de outros especiais dirigidos por Oliveira- e as imagens gravadas no exterior gera opções gratuitas ou cansativas.
No caso do arquivo, por que Chico cantando "De Volta ao Samba" em 93 entra no especial de futebol se a música não toca no assunto? Ou, em que pese o prazer de rever Tom Jobim ao piano e Daniela Mercury em ótima forma, será que "Ela Desatinou" é uma escolha adequada para o tema de "Uma Palavra"?
A possibilidade de gravar em cidades da Europa provocou uma inversão de papéis em parte dos programas: em vez de elas serem pano de fundo para a obra de Chico, são as músicas que funcionam como trilha para o passeio das câmeras -em fotografia deslumbrante de João Wainer.
Em "Romance", há o clipe de "Até Pensei" com Chico olhando as esculturas de Niki de Saint Phalle na praça Stravinski, em Paris; de "Mil Perdões" com Chico no Jardim de Luxemburgo; de "Amor Barato" com ele andando no bairro do Marais.
Em "Uma Palavra", várias músicas tocam ao fundo enquanto Chico passa pelos pontos turísticos de Lisboa. Até "Carioca" ganha um clipe na capital portuguesa. "Morro Dois Irmãos", inspirada na geografia do Rio, embala uma caminhada por Budapeste. Parece um belo -e às vezes estranho- programa de turismo.
Felizmente, há um outro vértice: os depoimentos e encontros gravados por Chico especialmente para a série. Nesse campo, o melhor é "O Futebol".
Na abertura do especial, ele canta, com pompa e ironia, o hino que compôs para o Politheama, time de botões que transformou em sua equipe de "pelada" (ou "rachões"). Ele faz questão de dizer para Ronaldinho Gaúcho e Pelé que o time está há 26 anos sem perder, mentira que se diverte em repetir a sério.
Os encontros com os dois craques (em Barcelona com o primeiro e no Rio com o segundo) são divertidos, com Chico muito à vontade contando vantagens sobre seu talento com a bola -que ele exagera um pouco.
Seu humor é elemento-chave dos programas. Pode se misturar com lirismo, como quando discorre longamente sobre os "piropos", paqueras em verso de que Vinicius de Moraes era mestre.
E há momentos só delicados, como quando diz que "Everytime We Say Goodbye" (Cole Porter) é a música mais bonita do mundo, ou quando se emociona ao ver Budapeste, cidade que foi título e cenário de seu último romance sem que ele a conhecesse.
Restrições à parte, os programas são repletos de músicas de Chico Buarque. E o que pode ser melhor do que isso?


Chico Buarque (caixa 3)
  
Gravadora: EMI
Quanto: R$ 150 (caixa com três DVDs) e R$ 52 (cada um), em média



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