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MÚSICA/CDS/DVDS
MPB
O amor, o futebol e a literatura são os temas da terceira caixa de DVDs da série
Canções de Chico viram pano de fundo para bela Europa
João Wainer/Divulgação
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Chico Buarque, em cena da série gravada na Europa; compositor se emocionou ao ver Budapeste |
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
A série de programas com
Chico Buarque dirigida por
Roberto de Oliveira -exibida em
DirecTV, Band e Multishow- é
um conjunto de fragmentos com
embalagem conceitual.
Cada especial tem um tema.
Lançada agora pela EMI, a terceira caixa de DVDs reúne do sétimo
ao nono, que tratam, respectivamente, das canções de amor
("Romance"), de uma das grandes paixões do compositor ("O
Futebol") e da relação com a literatura ("Uma Palavra").
As músicas de Chico relacionadas aos temas são o mote, mas
não dá para afirmar que sejam o
coração da edição. A forte preocupação em aproveitar as cenas
de arquivo -de outros especiais
dirigidos por Oliveira- e as imagens gravadas no exterior gera
opções gratuitas ou cansativas.
No caso do arquivo, por que
Chico cantando "De Volta ao
Samba" em 93 entra no especial
de futebol se a música não toca no
assunto? Ou, em que pese o prazer
de rever Tom Jobim ao piano e
Daniela Mercury em ótima forma, será que "Ela Desatinou" é
uma escolha adequada para o tema de "Uma Palavra"?
A possibilidade de gravar em cidades da Europa provocou uma
inversão de papéis em parte dos
programas: em vez de elas serem
pano de fundo para a obra de Chico, são as músicas que funcionam
como trilha para o passeio das câmeras -em fotografia deslumbrante de João Wainer.
Em "Romance", há o clipe de
"Até Pensei" com Chico olhando
as esculturas de Niki de Saint Phalle na praça Stravinski, em Paris;
de "Mil Perdões" com Chico no
Jardim de Luxemburgo; de
"Amor Barato" com ele andando
no bairro do Marais.
Em "Uma Palavra", várias músicas tocam ao fundo enquanto
Chico passa pelos pontos turísticos de Lisboa. Até "Carioca" ganha um clipe na capital portuguesa. "Morro Dois Irmãos", inspirada na geografia do Rio, embala
uma caminhada por Budapeste.
Parece um belo -e às vezes estranho- programa de turismo.
Felizmente, há um outro vértice: os depoimentos e encontros
gravados por Chico especialmente para a série. Nesse campo, o
melhor é "O Futebol".
Na abertura do especial, ele canta, com pompa e ironia, o hino
que compôs para o Politheama,
time de botões que transformou
em sua equipe de "pelada" (ou
"rachões"). Ele faz questão de dizer para Ronaldinho Gaúcho e
Pelé que o time está há 26 anos
sem perder, mentira que se diverte em repetir a sério.
Os encontros com os dois craques (em Barcelona com o primeiro e no Rio com o segundo)
são divertidos, com Chico muito à
vontade contando vantagens sobre seu talento com a bola -que
ele exagera um pouco.
Seu humor é elemento-chave
dos programas. Pode se misturar
com lirismo, como quando discorre longamente sobre os "piropos", paqueras em verso de que
Vinicius de Moraes era mestre.
E há momentos só delicados,
como quando diz que "Everytime
We Say Goodbye" (Cole Porter) é
a música mais bonita do mundo,
ou quando se emociona ao ver
Budapeste, cidade que foi título e
cenário de seu último romance
sem que ele a conhecesse.
Restrições à parte, os programas são repletos de músicas de
Chico Buarque. E o que pode ser
melhor do que isso?
Chico Buarque (caixa 3)
Gravadora: EMI
Quanto: R$ 150 (caixa com três DVDs) e
R$ 52 (cada um), em média
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