MARCELO BARTOLOMEI
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE

O lançamento nos cinemas dos longas-metragens que foram exibidos no 8º Cine PE - Festival do Audiovisual não será mais o mesmo depois de terem passado pelo crivo da gigante platéia de 3.000 pessoas que lotou o Cine-Teatro Guararapes durante a mostra competitiva (ocorrida de 29 de abril a 5 de maio).
O festival terminou anteontem com uma premiação pulverizada e um pouco conservadora.
Integrantes da nova safra do cinema nacional, os longas exibidos no festival de Recife fizeram de suas primeiras exibições os testes públicos que podem alterar suas estratégias de lançamento.
Será assim, ao menos, para as duas comédias que arrancaram fortes aplausos da platéia. "Viva Voz", de Paulo Morelli, e "Como Fazer um Filme de Amor", de José Roberto Torero, foram premiados com um troféu Calunga para cada um, por montagem e roteiro, respectivamente.
"Viva Voz", sobre as armadilhas da tecnologia, entra nesta semana em cidades do Nordeste e chega a São Paulo no dia 21, com um total de 75 cópias. Paulo Morelli, o diretor, se viu surpreso com a reação do público.
A produtora Zita Carvalhosa, da paulista Superfilmes, garante que vai reavaliar a estréia de "Como Fazer um Filme de Amor", cuja data inicial de lançamento seria setembro. Segundo ela, o filme deve ter a estréia antecipada e as cópias aumentadas.

Estréias
"Garrincha - Estrela Solitária", baseado no livro de Ruy Castro, também sai de Recife fortalecido com o prêmio do júri popular, escolhido por meio do voto eletrônico. Sua estréia, que será em 3 de julho -com 20 cópias- no Chile, pode ser antecipada no Brasil, onde, inicialmente, chegaria somente em setembro.
Bem recebido na abertura do festival, "O Outro Lado da Rua", vencedor dos prêmios de melhor filme, fotografia e atriz, tem data marcada para o dia 28.
Dos demais filmes, "Espelho d'Água - Uma Viagem no Rio São Francisco" deve entrar nos cinemas em julho. Já "Contra Todos", dono de cinco troféus em Recife, ainda não tem data, assim como "Mensageiras da Luz - Parteiras da Amazônia".

Premiação
Ter o filme melhor avaliado por calorosos aplausos da platéia, no entanto, ainda não significa levar os prêmios principais do júri oficial em Recife: a cada anúncio feito na noite de anteontem com o nome do vencedor em 13 categorias diferentes, a reação do público foi nítida.
Os únicos prêmios em que os aplausos não foram burocráticos saíram para "Viva Voz" (montagem), Fernanda Montenegro (atriz), "Como Fazer um Filme de Amor" (roteiro) e Regina Dourado (coadjuvante).
A premiação foi controversa. Não dar o troféu a Fernanda Montenegro por sua atuação em "O Outro Lado da Rua" seria estranho, então o júri preferiu desperdiçar a oportunidade de reconhecer o talento de Leona Cavalli em "Contra Todos" e apostar no resultado político, mas óbvio.
O mesmo aconteceu com a atriz coadjuvante. Nitidamente, o prêmio era de Silvia Lourenço, jovem atriz de teatro que chega ao cinema com o violento "Contra Todos", mas o troféu foi para as mãos da experiente Regina Dourado ("Espelho d'Água - Uma Viagem no Rio São Francisco").