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MÚSICA/LANÇAMENTOS
Lemonheads faz show, e CD de Ben Kweller ganha edição
Diferentes gerações do folk se encontram no Brasil
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Evan Dando e Ben Kweller têm
um monte de coisas em comum,
mas são completamente diferentes. O primeiro, aos 37 anos, é líder e vocalista da ressuscitada
banda Lemonheads e até pouco
tempo atrás era considerado
popstar de "alto risco" devido aos
excessos de álcool e drogas; o segundo só obteve permissão legal
para beber há dois anos e agora,
com 23, lança seu terceiro álbum.
Enquanto um é roqueiro de
modos "antigos", o outro escuta
suas bandas prediletas em seu
iPod. Uma delas é o Lemonheads.
Se não fosse por Evan Dando,
Ben Kweller iria demorar bem
mais tempo para chegar aonde está. Foi Dando quem primeiro tornou o nome de Kweller conhecido, há quatro anos, quando, ao
ouvir e se apaixonar por um disco
do "afilhado", o carregou para
abrir seus shows nos EUA.
Agora, os dois vêm ao Brasil.
Evan Dando chega com os Lemonheads, para uma turnê. Ben
Kweller aparece com o disco "On
My Way", lançamento BMG.
Em entrevista à Folha nesta semana, os dois propalaram elogios
mútuos. "O primeiro álbum dele
era incrível. E parece que todos os
fãs de Lemonheads o adoram",
afirma Dando. "Ele praticamente
me colocou sob suas asas. Devo
muito a ele", reconhece Kweller.
São, afinal, duas gerações emblemáticas do folk rock dos EUA.
Nascido em Boston, Dando iniciou o Lemonheads em meados
dos anos 80. Compositor de mão
cheia tanto para escrever letras joviais e simples quanto para formatar redondas melodias pop, a
ironia é que os maiores sucessos
de Evan Dando são três covers.
Foi com "Luka" (de Suzanne
Vega), em 1989, que os Lemonheads atingiram as rádios americanas. Em 1992, o mais bem-sucedido disco do grupo, "It's a Shame about Ray", só decolou graças
a uma canção de Simon & Garfunkel ("Mrs. Robinson"). Em
1993, "Come on Feel the Lemonheads" traria o hit "Into Your
Arms", de Robin Saint Clare.
No início dos anos 90, o Lemonheads e seu folk rock adocicado
eram considerados estranhos no
meio da fúria do grunge. "Nós
éramos melhores do que a maioria das bandas grunge. Talvez não
melhor do que o Nirvana..." Continua: "Eu odiava Pearl Jam. O
Smashing Pumpkins vendia mais
do que nós, mas eu não ligava,
pois éramos uma das melhores".
Esta é a terceira turnê do grupo
pelo Brasil. Em 1994, tocaram
num festival em Santos. Em 1997,
voltaram para São Paulo e Rio.
Neste mês, além de SP, tocam no
Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre,
Curitiba e no festival goiano Bananada. Evan Dando diz que vem
mais por aí: "Vamos fazer a turnê
e depois gravar um álbum. Quero
fazer dez discos com os Lemonheads. Até agora, temos sete".
Prodígio
Ben Kweller não tem nem metade da vivência de Evan Dando no
mundo pop, mas também não é
nenhum calouro.
Quando tinha 15 anos, com
mais dois amigos texanos formou
o trio punk Radish e gravou seu
primeiro álbum. Em 2000, após o
término da banda, gravou sozinho "Freak out, It's Ben Kweller".
O disco caiu nas mãos de Evan
Dando, que o "apadrinhou".
Em 2002, mudou-se para Nova
York e lançou "Sha Sha", álbum
recheado de suaves canções de
folk rock. Amigo de bandas da cidade de sonoridade retrô, como
Strokes e Moldy Peaches, Kweller
gravou "On My Way" sem ajuda
de tecnologia moderna. "Queria
algo que pudesse ter sido feito em
qualquer ponto da história do
rock and roll. O pessoal do Kings
of Leon me indicou o produtor
deles, Ethan Johns. Ele realmente
consegue tirar uma sonoridade
rock à moda antiga."
"On My Way" é, segundo Kweller, mais "sério" do que "Sha
Sha". "Quando fiz "Sha Sha", eu estava saindo do Texas; era um disco sobre mudanças. O novo álbum tem mais a cara de Nova
York, o caos da cidade. Além disso meu avô morreu há pouco
tempo e eu finalmente casei com
minha namorada... São coisas que
me afetaram nesse período. Então
acho que é um disco mais sério."
LEMONHEADS. Onde: DirecTV (av. dos
Jamaris, 213, SP, tel. 0/xx/11/6846-6040). Quando: 16/5, às 19h. Quanto: R$
60/R$ 100. Patrocinador: Volkswagen.
ON MY WAY. Artista: Ben Kweller.
Lançamento: BMG (em junho). Quanto:
preço a definir.
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