LEANDRO FORTINO
da Redação

Não compre como verdade tudo aquilo que você lê. A revista "Spin", por exemplo, referência da música pop produzida nos EUA, publicou em 1992 a seguinte frase: "Seattle é para o rock o que talvez Belém foi para o cristianismo".
Quatro anos depois o documentário "Hype!" desmascarou o estilo criado nessa cidade do Noroeste dos EUA, o grunge, que emplacou milhares de discos de bandas como Nirvana, Pearl Jam e Soundgarden no início desta década.
A "Spin" certamente publicou mais frases do estilo, mudando apenas o nome da cidade conforme a conveniência. Mas "Hype!" permanece como referência definitiva da cena grunge e como chave para entender o funcionamento da indústria fonográfica norte-americana, que se apropriou de um gueto, projetou-o para as paradas e descartou-o como se nada tivesse acontecido.
Filmado entre 92 e 96, o documentário, único rebento do diretor Doug Pray, é montado intercalando trechos de shows (é emocionante assistir à cena underground em ação rodada e montada em película e à primeira apresentação ao vivo do hit "Smells like Teen Spirit", do Nirvana) e entrevistas com integrantes das bandas de Seattle e seus arredores, produtores e agitadores da cena, como donos de fanzines e selos, fotógrafos e artistas.
Aqui não está em questão a importância do movimento para a música, mas, sim, como diz o título, o "hype" criado em torno dele. Informações são desmentidas, popstars se mostram "nerds" e "losers" (duas palavras bastante difundidas pela "Geração X" associada ao estilo) e a real do que se passou é apresentada como sendo muito menor do que o que as páginas dedicadas ao movimento pela imprensa. Acredite nisto: este "Hype!" é, no mínimo, sincero.
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Filme: Hype! Produção: EUA, 1996, 84 min Direção: Doug Pray