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TEATRO
Comitiva de diretores, professores e críticos da Rússia esteve no país para selecionar espetáculos para evento de 2005
Russos vêem peças para Festival Tchecov
DA REPORTAGEM LOCAL
O teatro brasileiro já esteve representado lá, nos anos 90, com
uma turnê do grupo Teatro da
Vertigem ou por meio de estudos
dos encenadores Maria Thaís (cia.
Balagan) e Marco Antônio Rodrigues (Folias d'Arte). A partir de
agora, o intercâmbio com a Rússia deve ser mais efetivo.
Uma comitiva russa acaba de
passar dez dias entre São Paulo e
Rio. Embarcou de volta no último
domingo, após assistir a pelo menos 20 espetáculos, além de encontrar pesquisadores e artistas
brasileiros.
Para ter idéia do aperto da agenda, no primeiro sábado da estadia
paulistana o diretor-geral do Festival Internacional de Teatro
Tchecov, Valery Shádrin, o professor da Escola de Arte Dramática de Moscou, Vídmantas Silyúnas, a crítica Marína Davydova e o
vice-diretor do Departamento de
Artes Cênicas do Ministério da
Cultura, Alexánder Vólkov, conheceram o Espaço Cenográfico,
dirigido por J.C. Serroni, e assistiram a "Borandá", da Fraternal
Cia. de Artes e Malas-Artes, e ao
"Fausto Zero", de Gabriel Villela.
O professor Silyúnas já sabia
que a cultura brasileira transcendia à estereotipia do futebol e do
Carnaval, graças ao doutorado
que orientou em Moscou da pesquisadora Elena Vassina, hoje
professora da USP.
"No entanto, o princípio festivo
se confirma também no palco,
quando um ator tem o mesmo espaço ao improviso que o jogador", diz Silyúnas. Ele ficou surpreso com o registro menos psicológico do brasileiro, como é regra na tradição russa que tem no
teórico Constantin Stanislavski
(1863-1938) o seu norte.
Em setembro, Shádrin vai definir com a comissão do Festival
Tchecov os espetáculos (pelo menos dois) e as exposições que irão
integrar a programação da sexta
edição, em 2005. Trata-se do
evento que introduziu encenadores ocidentais e "abriu o teatro
russo para o mundo", como diz o
diretor-geral, nos anos 90. "Passaram pelo festival diretores como o
inglês Peter Brook e o japonês Tadashi Suzuki", diz Shádrin.
Segundo a crítica Davydova,
houve um "boom" da nova dramaturgia russa, há quatro, cinco
anos. "Os "missionários" do Royal
Court Theatre [principal instituição inglesa de incentivo à dramaturgia] injetaram sangue novo.
Na verdade, sempre se escreveu
nos anos 70 e 80, mas nunca se encenou como agora", disse.
(VS)
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