São Paulo, quarta-feira, 07 de julho de 2004

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TEATRO

Comitiva de diretores, professores e críticos da Rússia esteve no país para selecionar espetáculos para evento de 2005

Russos vêem peças para Festival Tchecov

DA REPORTAGEM LOCAL

O teatro brasileiro já esteve representado lá, nos anos 90, com uma turnê do grupo Teatro da Vertigem ou por meio de estudos dos encenadores Maria Thaís (cia. Balagan) e Marco Antônio Rodrigues (Folias d'Arte). A partir de agora, o intercâmbio com a Rússia deve ser mais efetivo.
Uma comitiva russa acaba de passar dez dias entre São Paulo e Rio. Embarcou de volta no último domingo, após assistir a pelo menos 20 espetáculos, além de encontrar pesquisadores e artistas brasileiros.
Para ter idéia do aperto da agenda, no primeiro sábado da estadia paulistana o diretor-geral do Festival Internacional de Teatro Tchecov, Valery Shádrin, o professor da Escola de Arte Dramática de Moscou, Vídmantas Silyúnas, a crítica Marína Davydova e o vice-diretor do Departamento de Artes Cênicas do Ministério da Cultura, Alexánder Vólkov, conheceram o Espaço Cenográfico, dirigido por J.C. Serroni, e assistiram a "Borandá", da Fraternal Cia. de Artes e Malas-Artes, e ao "Fausto Zero", de Gabriel Villela.
O professor Silyúnas já sabia que a cultura brasileira transcendia à estereotipia do futebol e do Carnaval, graças ao doutorado que orientou em Moscou da pesquisadora Elena Vassina, hoje professora da USP.
"No entanto, o princípio festivo se confirma também no palco, quando um ator tem o mesmo espaço ao improviso que o jogador", diz Silyúnas. Ele ficou surpreso com o registro menos psicológico do brasileiro, como é regra na tradição russa que tem no teórico Constantin Stanislavski (1863-1938) o seu norte.
Em setembro, Shádrin vai definir com a comissão do Festival Tchecov os espetáculos (pelo menos dois) e as exposições que irão integrar a programação da sexta edição, em 2005. Trata-se do evento que introduziu encenadores ocidentais e "abriu o teatro russo para o mundo", como diz o diretor-geral, nos anos 90. "Passaram pelo festival diretores como o inglês Peter Brook e o japonês Tadashi Suzuki", diz Shádrin.
Segundo a crítica Davydova, houve um "boom" da nova dramaturgia russa, há quatro, cinco anos. "Os "missionários" do Royal Court Theatre [principal instituição inglesa de incentivo à dramaturgia] injetaram sangue novo. Na verdade, sempre se escreveu nos anos 70 e 80, mas nunca se encenou como agora", disse. (VS)


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