São Paulo, terça, 7 de julho de 1998

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OUTROS LANÇAMENTOS

Scott Weiland
Urgência, dor e pestilência inundam "12 Bar Blues" (Continental), primeiro álbum solo do ex-vocalista do Stone Temple Pilots, Scott Weiland, denso, um pouco glam e quase desesperado. Imerso em heroína, foi preso no início do mês passado, solto sob fiança, faltou à audiência com o juiz e voltou a comprar a droga em Los Angeles na semana passada, depois de ter sido expulso do Stone Temple Pilots por causa do consumo excessivo de heroína. "12 Bar Blues" destoa do que fez o insosso STP- alvíssaras!-, principalmente quando mudou de nome -para Talk Show (!)- e vocalista. "Ela espera enquanto você pensa nisso/E enquanto você pensa em nada (...) Ela ainda quer mais", diz a letra de "About Nothing". Certamente não é a nenhum ser vivente que Weiland se refere. "Barbarella", a mais Bowie do disco, também segue o mesmo caminho autobiográfico ao pedir ajuda: "Barbarella, venha e me salve dessa penúria/não vê que isso é uma doença". O disco traz uma pesada carga fúnebre, de dor e perda, evidenciada em "The Date" e "Lady, Your Roof Brings Me Down", esta quase um réquiem, da esmerada trilha de "Grandes Esperanças".
E até esse momento a heroína está, de fato, vencendo. E nesse embate/entrega, Weiland produz um dos mais honestos álbuns do ano. Pena que sob essas adversidades. E se não fossem elas, sairia algo decente? (MN)


The Charlatans
A banda balança, mas não cai para a segunda divisão do britpop. O que a mantém na primeira talvez seja o fato de não imitarem Oasis, mas o que a puxa para baixo é essa sonoridade britpop -velha. "Melting Pot" (Roadrunner) reúne 17 músicas da banda, de 90 a 97. Como toda coletânea, com boas ("One to Another" e "Patrol", remix dos Chemical Brothers) e fracas ("Opportunity Three"), mas bestamente uniforme, como o britpop. (MN)


Natalie Merchant
Em uma palavra, o segundo álbum solo de Natalie Merchant, "Ophelia" (WEA), é elegante. Em (quase) nada evoca os tempos em que era vocalista do folk 10,000 Maniacs. Com apurados arranjos orquestrais, Natalie encarna facetas de Ophelia, de "Hamlet". Em "Kind & Generous", a voz macia de Natalie é acompanhada do violão de Lokua Kanza, talvez a faixa que mais se aproxime da era "Because the Night" -e está a anos-luz. (MN)


Hanson
Os adestrados irmãozinhos Hanson -aqueles que adorariam ser os Jackson Five- saem com uma pérola: "3 Car Garage" (PolyGram), com músicas gravadas entre 95 e 96 na "garagem"-nenhuma inédita-, portanto, quase em versões demo. Claro, tão densa trajetória carece dessas "releituras". Na verdade o CD incluso é supérfluo. Se fosse uma foto dos príncipes do (lolli)pop, o pega-meninas venderia os mesmos milhões. (MN)


Divine
A banda brasiliense de rock Divine lança seu CD de estréia, homônimo (independente, tel. 021/542-8810), num esquema típico das produções artesanais. Há talento nas entrelinhas, mas poucas condições técnicas para realizá-lo -no mais, o vocalista segue a maldição de achar que estudar canto é supérfluo. Mas Divine é bem interessante quando deixa fluir influências de Joy Division ("Lâmina Azulada"), B-52's ("Exubeat") ou eletrônicas. (PAS)




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