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Ilhéus usa imagem de Amado para atrair turistas
CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador
Todos os principais fatos que
marcaram a infância e adolescência do escritor Jorge Amado em
Ilhéus e Itabuna (principalmente
Ilhéus) podem ser encontrados
em seu livro mais conhecido em
todo o mundo: ""Gabriela Cravo
e Canela".
Nascido em Ferradas, distrito de
Itabuna (469 km ao sul de Salvador), Jorge Amado foi morar em
Ilhéus ainda criança.
Em ""Gabriela Cravo e Canela", livro escrito em 1958, Amado
narra a construção do porto de
Ilhéus e da estrada que faz a ligação entre a cidade e Itabuna, descreve a movimentação do bar Vesúvio (que existe até hoje) e os casarões históricos do município, fala da boate Bataclã (casa de diversão, atualmente em ruínas) e da
principal atividade econômica do
sul da Bahia no início do século: o
cacau.
O livro também narra a saga dos
grandes fazendeiros e a disputa
para aumentar o poder econômico
e político na região.
Ilhéus (429 km ao sul de Salvador), que Jorge Amado cita em
quase todos os seus livros, tem dezenas de casas comerciais, rua,
centro cultural e até produtos alimentícios que lembram o escritor
e seus personagens.
O próprio escritor autorizou a
prefeitura a utilizar sua imagem
em peças promocionais no Brasil e
exterior para estimular o turismo.
Somente no ano passado, Ilhéus
foi visitada por 220 mil turistas nacionais e estrangeiros, segundo informações da Ilheustur -órgão oficial de turismo.
Com esse fluxo, a cidade é o terceiro pólo turístico da Bahia, depois de Salvador e Porto Seguro.
""Ilhéus deve tudo a Jorge
Amado. Praias bonitas existem em
todo o mundo. São as obras do autor que influenciam os turistas a
conhecer a cidade onde ele passou
parte da infância e juventude",
disse o historiador Raimundo Sá
Barreto.
Desenvolvimento
Em ""São Jorge dos Ilhéus",
Jorge Amado também narra o início do desenvolvimento da cidade
que, no início do século, era uma
das mais importantes do país.
Embora seu distrito natal faça
parte de alguns dos livros do escritor, a obra de Jorge Amado é praticamente ignorada pelos moradores de Ferradas.
Nas cinco escolas da vila -todas
municipais- não há nenhum livro
do seu filho mais ilustre e os professores reconhecem que a maior
parte da população nem sequer sabe quem é Jorge Amado.
Com uma população de aproximadamente 8.000 habitantes, Ferradas é um distrito pobre que vive
basicamente do comércio local e
de pequenas plantações de cacau.
Na vila, apenas uma casa em ruínas e um busto depredado na praça Frei Ludovico lembram o escritor Jorge Amado.
Tombada pela Prefeitura de Itabuna há cerca de 15 anos, a casa
abrigou a família do escritor depois que uma enchente destruiu,
em 1914, a fazenda Auricídia, onde
Jorge Amado nasceu, a cerca de
1,5 km da vila.
O busto, esculpido em concreto
pelo artista plástico Richard Wagner, há 15 anos, foi depredado pela
população.
Além de ter projetado a região
sul da Bahia através de seus livros,
Jorge Amado narrou todas as fases
do cacau, do auge à decadência,
em cinco de suas obras.
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