São Paulo, sexta, 7 de agosto de 1998

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CRÍTICA
Banda segue receita de bolo

da Reportagem Local

"Cidade Negra, esses moços que cantam a vida da cidade negra. Eles são a viva cidade negra, a vivacidade negra, viva o Cidade Negra!", inspira-se Gilberto Gil em texto à imprensa. As palavras traduzem à perfeição a relevância da banda -ou seja, nenhuma.
O que diz o texto de Gil, para lá dos trocadilhos laudatórios? Nada. Pois bem, o mesmo acontece com a música do Cidade Negra. O que ela acrescenta à sigla MPB? Nada.
Os vocais de Toni Garrido são afetados, exibicionistas, sem substância. Melodias e arranjos são arroz com feijão, batem sempre na tecla "infalível" do reggae e de sopros a granel.
As letras, então, essas são a sucata da hora: "Quando um sentimento voa/ bate as asas algo de bom" (em "Já Foi"), "libere sua mente com a energia que ela traz/ junte suas crenças/ com o intuito da paz" ("Rio pro Mar"). Constrangedor.
A cover habitual também se faz presente. Desta vez é de (coincidência...) Gilberto Gil -"Nos Barracos da Cidade" (85), fichinha para quem já havia achatado "Zumbi", de Jorge Ben.
Aqui se opta por produção que se pretende luxuosa -sim, é ele, Liminha- e inclui participação do arroz-de-festa Lulu Santos.
Que esse coquetel faça sucesso, paciência, a engrenagem tem coisas mais dolorosas de engolir. Só não dá para confundir receita de bolo e bajulação com pop sério ou MPB. Coitada, ela não merece. (PAS)

Disco: Quanto Mais Curtido Melhor Grupo: Cidade Negra Lançamento: Sony Quanto: R$ 18, em média


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