São Paulo, Sábado, 07 de Agosto de 1999
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MÚSICA
Nação Zumbi diz que está sem gravadora; Mundo Livre S/A quer ex-produtor tropicalista em seu CD
Mangue tenta dar continuidade à cena

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local

Tentando driblar a entressafra, a primeira geração do mangue beat se agiliza para manter vivo o movimento pop surgido em Recife no começo desta década.
Bandas centrais do mangue, Nação Zumbi e Mundo Livre S/A -que faz shows em São Paulo hoje e amanhã- preparam novos álbuns, enfrentando graus diversos de dificuldade.
O Mundo Livre S/A mantém-se contratado pela Abril Music, que promete o quarto disco do grupo para o primeiro semestre de 2000. "A data exata ainda está em discussão. Primeiro temos que decidir sobre o produtor. Temos um nome, a gravadora tem outro", explica o líder, Fred Zero Quatro.
Daí pode surgir uma surpresa: o nome proposto pela banda é o de Manoel Barenbein, produtor, nos anos 60, de discos de Erasmo Carlos e Chico Buarque e de toda a leva de discos que vieram a constituir o tropicalismo -e, em seguida, apartado da grande indústria.
"Conheci o Manoel agora, na CD Expo, e topei muito com ele. Desde então temos conversado muito por telefone, ele se diz fã do lado de samba do Mundo Livre", diz Zero Quatro. "Ele até colocou Tom Zé no circuito, gostaríamos de ter uma participação dele."
Fred diz não ter queixas da gravadora no momento. "Entregamos uma demo com 12 faixas, temos sinais de que eles gostaram."
Já a Nação Zumbi, banda antes liderada por Chico Science (1966-97) e celebrada como uma das mais importantes dos 90, enfrenta a indiferença da Sony, que afirma que "a banda está na gravadora", mas "a data de lançamento do próximo disco não está definida".
A banda, porém, tem versão diferente. "Estamos sem gravadora, sem empresário, sem nada. O contrato com a Sony foi encerrado quatro meses depois do lançamento do último disco, "CSNZ" ", afirma o guitarrista Lúcio Maia.
Ele diz não entender o desinteresse da gravadora. "Em três discos, vendemos quase 300 mil cópias, será que não conta? Para eles, só interessam artistas que vendem mais de 300 mil por CD."
A morte de Chico Science teria contribuído para o desinteresse pela Nação? "Para mim, acho que rolou um certo alívio, sim, uma má vontade. Deu margem para neguinho questionar, dizer que a gente não vende. Mas em nenhum momento pensamos em parar. Virou questão de honra."
"Mais do que nunca, agora estamos andando sozinhos, num pique que lembra nosso começo." Com investimento próprio, produziram uma demo de quatro faixas -entre cerca de 25 já compostas (leia letras inéditas das bandas à esquerda)-, que vêm mostrando ao mercado.
"Há gravadoras interessadas, grandes e pequenas -principalmente as pequenas", diz Lúcio. "Por qualquer espécie de caminho, vai sair ainda neste ano." A Natasha, recém-desvinculada da Sony, é uma das que manifestam interesse aberto.
Em meio às indefinições, as duas bandas partem em setembro para a Europa, para shows em Portugal, Espanha e França. Em outubro, a Nação faz shows e workshops de percussão em Londres e Manchester. No Brasil natal, o ritmo é outro.



Show: Mundo Livre S/A Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, tel. 0/xx/11/5080-3147) Quando: hoje, às 21h, e amanhã, às 19h Quanto: R$ 10



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