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MÚSICA
Nação Zumbi diz que está sem gravadora; Mundo Livre S/A quer ex-produtor tropicalista em seu CD
Mangue tenta dar continuidade à cena
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
Tentando driblar a entressafra,
a primeira geração do mangue
beat se agiliza para manter vivo o
movimento pop surgido em Recife no começo desta década.
Bandas centrais do mangue,
Nação Zumbi e Mundo Livre S/A
-que faz shows em São Paulo
hoje e amanhã- preparam novos álbuns, enfrentando graus diversos de dificuldade.
O Mundo Livre S/A mantém-se
contratado pela Abril Music, que
promete o quarto disco do grupo
para o primeiro semestre de 2000.
"A data exata ainda está em discussão. Primeiro temos que decidir sobre o produtor. Temos um
nome, a gravadora tem outro",
explica o líder, Fred Zero Quatro.
Daí pode surgir uma surpresa: o
nome proposto pela banda é o de
Manoel Barenbein, produtor, nos
anos 60, de discos de Erasmo Carlos e Chico Buarque e de toda a leva de discos que vieram a constituir o tropicalismo -e, em seguida, apartado da grande indústria.
"Conheci o Manoel agora, na
CD Expo, e topei muito com ele.
Desde então temos conversado
muito por telefone, ele se diz fã do
lado de samba do Mundo Livre",
diz Zero Quatro. "Ele até colocou
Tom Zé no circuito, gostaríamos
de ter uma participação dele."
Fred diz não ter queixas da gravadora no momento. "Entregamos uma demo com 12 faixas, temos sinais de que eles gostaram."
Já a Nação Zumbi, banda antes
liderada por Chico Science (1966-97) e celebrada como uma das
mais importantes dos 90, enfrenta
a indiferença da Sony, que afirma
que "a banda está na gravadora",
mas "a data de lançamento do
próximo disco não está definida".
A banda, porém, tem versão diferente. "Estamos sem gravadora,
sem empresário, sem nada. O
contrato com a Sony foi encerrado quatro meses depois do lançamento do último disco, "CSNZ" ",
afirma o guitarrista Lúcio Maia.
Ele diz não entender o desinteresse da gravadora. "Em três discos, vendemos quase 300 mil cópias, será que não conta? Para
eles, só interessam artistas que
vendem mais de 300 mil por CD."
A morte de Chico Science teria
contribuído para o desinteresse
pela Nação? "Para mim, acho que
rolou um certo alívio, sim, uma
má vontade. Deu margem para
neguinho questionar, dizer que a
gente não vende. Mas em nenhum momento pensamos em
parar. Virou questão de honra."
"Mais do que nunca, agora estamos andando sozinhos, num pique que lembra nosso começo."
Com investimento próprio, produziram uma demo de quatro faixas -entre cerca de 25 já compostas (leia letras inéditas das
bandas à esquerda)-, que vêm
mostrando ao mercado.
"Há gravadoras interessadas,
grandes e pequenas -principalmente as pequenas", diz Lúcio.
"Por qualquer espécie de caminho, vai sair ainda neste ano." A
Natasha, recém-desvinculada da
Sony, é uma das que manifestam
interesse aberto.
Em meio às indefinições, as
duas bandas partem em setembro
para a Europa, para shows em
Portugal, Espanha e França. Em
outubro, a Nação faz shows e
workshops de percussão em Londres e Manchester. No Brasil natal, o ritmo é outro.
Show: Mundo Livre S/A
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141,
tel. 0/xx/11/5080-3147)
Quando: hoje, às 21h, e amanhã, às 19h
Quanto: R$ 10
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