São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2004

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CINEMA

Atriz, que interpreta a heroína da saga de Tarantino, diz que excesso de sangue é "expressão criativa" do diretor

"Violência é coisa de Quentin", diz Thurman

DO "INDEPENDENT"

Leia abaixo a continuação da entrevista com Uma Thurman, atriz de "Kill Bill - Vol. 2", que estréia amanhã no Brasil.

A jornalista dinamarquesa pergunta se amor e ódio são dois lados da mesma moeda. "Muita gente acredita nisso", diz Uma. "Não tenho certeza, mas acredito que quando as pessoas se afetam profundamente, ocorre algo precioso que precisa ser cultivado."
"Você já sentiu desejo de vingança?", pergunta a dinamarquesa. "Não. Pelo menos não fisicamente." Mas e emocionalmente? "Já senti raiva. Vingança é basicamente raiva dramatizada, e certamente já senti raiva." A aspereza da resposta é um mau sinal, e por isso pergunto se ela se machucou nas filmagens de "Kill Bill". "Sim, muitas vezes. O tempo todo", ri.
Ela faria outro filme de ação como esse? "Não consigo imaginar nem que Quentin volte a fazer um filme da mesma maneira. Mas sinto que tive de aprender um determinado tipo de coordenação que pode ser reativada, e por isso, quem sabe? Gostaria de interpretar outra personagem realmente forte, mas ela não precisa necessariamente ser uma boxeadora."
"Não gosto de violência realista", diz Uma. "Na verdade, não gosto de violência, ponto. A violência é coisa de Quentin. Não o acompanho nisso. Mas creio que a maneira pela qual ele executa a violência é cômica, criativa, dramática e brincalhona, e não provocante de uma maneira horrendamente realista. É claramente uma forma de expressão criativa. Se você estudar a seqüência na Casa das Folhas Azuis, em "Kill Bill - Vol. 1", a razão pela qual ele desejava dar-lhe um ar absurdo, de ópera, era o fato de que, fosse a cena menos ridícula, se tornaria perturbadora."
O que torna sua relação com Tarantino tão especial, pergunto, de maneira hesitante. "Não sei", ela dá de ombros. "Creio que seja parte acidente, parte conexão. Não sei porque terminamos juntos em uma aventura tão grande, mas já colaboramos em três filmes, e isso é muito. Aconteceu no passado, há outras relações como essa entre diretores e atrizes", ela diz, sem completar a frase, permitindo que nós preenchamos as lacunas -Marlene Dietrich e Josef von Sternberg, Alfred Hitchcock e Ingrid Bergman, as informações constam do pacote para a imprensa, e Uma está cansada de responder a essa pergunta.
Pergunto se vai haver um "Kill Bill 3", já que o final do segundo filme deixa muita oportunidade para uma seqüência. "Não há planos para um Kill Bill 3", ela responde, com uma risada irritada.


Tradução de Paulo Migliacci


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