São Paulo, sábado, 8 de fevereiro de 1997.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CHICO SCIENCE
Delegado ainda não sabe se veículo do cantor bateu no outro automóvel, ou se aconteceu o contrário
Polícia procura carro envolvido em colisão

VANDECK SANTIAGO
da Agência Folha, em Recife

O delegado Paulo Barbosa, que investiga o acidente em que morreu o cantor Chico Science, domingo à noite, em Olinda, disse ontem que o motorista do automóvel que colidiu com o do artista cometeu pelo menos dois crimes.
``Um de homicídio culposo, se tiver sido cometido sem intenção, e o outro de omissão de socorro.''
Perícia feita pelo IC (Instituto de Criminalística) do Estado constatou que houve a colisão.
Vestígios de tinta azulada foram encontrados na traseira do Fiat Uno (de cor branca) que vinha sendo dirigido por Science. Os exames mostraram que a tinta era de outro veículo.
A perícia não constatou, porém, se o carro de Science bateu no outro automóvel, ou se aconteceu o contrário.
O cantor estava dirigindo a uma velocidade superior a 110 km/h, segundo os peritos.
A causa da morte de Science foi traumatismo craniano.
O delegado Barbosa disse que, após o Carnaval, fará a reconstituição do acidente.
A prioridade da polícia, disse o delegado, é encontrar o outro automóvel envolvido no acidente.
A irmã de Chico Science, Gorete França, criticou ontem ``o equipamento de segurança'' da Fiat e disse que a família está aguardando o laudo oficial da perícia para processar a empresa.
O cinto de segurança (que estava sendo usado pelo cantor) partiu-se no momento do choque. O diretor do IC, Joseíldo de Souza, disse que o teto do automóvel amassou e isso teria causado o traumatismo craniano. Mesmo que o cinto não tivesse arrebentado, afirmou, o choque seria suficiente para causar a morte.
Fiat
A assessoria da Fiat Automóveis S/A informou ontem, em Betim (região metropolitana de Belo Horizonte), que a empresa não se manifestará antes da divulgação do laudo pericial.
Antes de se pronunciar, os técnicos da empresa querem detalhes sobre os danos provocados à peça que segura o cinto de segurança. A possibilidade de uma perícia feita pelos técnicos não foi descartada.
Segundo a assessoria, a função do cinto de segurança é evitar os danos provocados por um choque frontal.
Quanto ao projeto de segurança do Uno Mille, a empresa divulgou que o automóvel passou por testes de destruição nos laboratórios da Fiat na Itália, simulando condições diversas de velocidade e desaceleração.
O veículo atenderia ainda às especificações nacionais e internacionais de segurança para o motorista e os passageiros.


Colaborou Carlos Henrique Santiago, da Agência Folha, em Belo Horizonte.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright 1996 Empresa Folha da Manhã