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POLÊMICA
Partituras do compositor alemão teriam sido revisadas sem rigor, diz professor da universidade inglesa de Nottingham
Especialista aponta erros na obra de Brahms
MARIA CRISTINA FRIAS
em Londres
Músicos estariam tocando
Brahms (1833-1897) com centenas
de erros porque as partituras publicadas da obra do compositor teriam sido revisadas sem rigor. A
afirmação é de um acadêmico, especialista na música do compositor alemão.
Robert Pascall, professor da
Universidade de Nottingham, Inglaterra, estudou os manuscritos
originais do compositor e descobriu que os editores de Leipzig, ao
publicarem as partituras de
Brahms, fizeram 281 erros só na
"Primeira Sinfonia".
Para o professor, o compositor
alemão não teria notado os vários
erros nas provas por estar muito
ocupado com a redação da segunda de suas quatro sinfonias, que
foram escritas entre os anos de
1876 e 1885.
A maioria dos erros não chega a
ser grave, mas impediria uma reprodução exata do que Brahms
criou.
O professor Pascall diz ter descoberto, por exemplo, que nas marcações do "crescendo" estaria
faltando um compasso ou uma
barra. Já nas marcações de "spacatto" teriam sido omitidas ou até
colocadas notas erradas.
Os enganos, segundo Pascall,
continuariam na Segunda Sinfonia. Comparando com o manuscrito, o professor encontrou falhas
como a marca "sf", de "sforzando", em vez das anotações "rf",
de "rinforzando", feitas pelo
compositor para uma nota que
cresce, mas não com uma ênfase
repentina.
Nova interpretação
O maestro Roger Norrington,
que já participou de vários projetos sobre a obra de Brahms, declarou por meio de sua assessoria que
já gravou a "Primeira Sinfonia"
com as correções de Pascall.
Segundo Norrington, essas descobertas são muito importantes e
mudam a interpretação da obra de
Brahms.
"Se, no passado, os regentes não
se importavam em seguir rigorosamente as determinações dos
compositores e até mudavam orquestrações, hoje nós queremos
saber exatamente o que eles escreveram".
Simon Rattle, o principal maestro da Orquestra Sinfônica da cidade de Birmingham (região central da Inglaterra), que vai reger
neste ano todas as obras de
Brahms nas comemorações do
centenário da morte do compositor alemão, entusiasmou-se com
as descobertas.
"Todo maestro sempre quis telefonar para o compositor e perguntar: `O que você quis dizer com
isso?' Esse ajuste na obra dele é a
melhor coisa depois de falar com
Brahms pelo telefone", disse Simon Rattle ao jornal inglês "The
Times".
Pascall continua a revisar o repertório de Brahms. A previsão é
de que a equipe da Norrington
University ainda leve pelo menos
30 anos para corrigir toda a obra
do compositor.
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