São Paulo, Segunda-feira, 08 de Março de 1999
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da Redação

Filme do asiático Jackie Chan é sempre um evento, mesmo que seja árdua a tarefa de distinguir um do outro. Este "Bom de Briga" chega às locadoras do Brasil quando a somatória Chan (Bruce Lee + Fred Astaire + Renato Aragão) atinge status de multimídia mundial neste começo de 1999.
Jackie Chan tem, então, lançamento de vídeo no Brasil, autobiografia nos EUA ("I Am Jackie Chan: My Life in Action") e seu novo filme, "Gourgeous", uma aventura romântica (???) que se encontra em cartaz apenas em Singapura, Tailândia e Malásia.
Limitando-se à exposição brasileira de Chan, é engraçado notar os dois títulos do filme, o americano e sua versão tupiniquim.
"Mr. Nice Guy" (algo como Sr. Cara Bacana) virou aqui "Bom de Briga". Se o começo do filme faz jus ao título dado na América, com Chan interpretando um pacato e sorridente cozinheiro mostrando seus dotes culinários, o final revela afinidade com o nome brasileiro, já que nosso herói é visto demolindo sem piedade a mansão de uma gangue barra-pesada com um trator desses de remover terra.
Mas, enfim. Gênio em misturar pancadaria kung-funiana com as mais escrachadas cenas de pastelão, Jackie Chan faz, surpresa, Jackie, um assistente de culinária em um programa de TV.
Tudo vai bem até Jackie se meter sem querer com uma repórter. E sem querer mais ainda vai se meter no meio de uma guerra entre duas máfias das drogas.
A repórter consegue uma fita de vídeo com gravações que comprometem os chefes das gangues e é perseguida. Chan tenta ajudar e acaba sendo perseguido também. Alguns amigos de Chan tomam as dores do sujeito e acabam perseguidos. A noiva de Chan chega de Hong Kong e termina perseguida.
O imbróglio de "Bom de Briga" é perfeito para balés de ação, gags visuais e outras extravagâncias próprias de filmes de Chan.
O filme comporta duas das mais legais cenas de perseguição dos últimos tempos. Mas não daquelas perseguições de carrões pelas ruas de San Francisco. Perseguições a pé, mesmo. Chan não precisa de carro. Sim, sua arma mortal é o pé.
Mas não é justo falar que o pé seja o único instrumento de trabalho de Chan. Duas cenas mostram que Chan é um mix oriental de Bruce Lee e Buster Keaton, vamos dizer.
A primeira: em uma perseguição, Chan segura uma arma que ele sabe não estar carregada. Um bandido o alcança e põe um revólver na cara de Chan. E pede sua arma. Chan a entrega. Quando o sujeito mal pega a arma de Jackie, nosso herói rapidamente toma o revólver do bandido. Ele então atira em Chan. Com a arma descarregada.
Outra: Chan faz uma demonstração de culinária em um shopping e depois atira a comida para a platéia, acertando à distância a boca das pessoas. Um bandido aparece e entra na frente de um espectador que seria alvo da comida de Chan. E abocanha o comestível. Chan percebe quem é o cara e joga outra coisa, que o malvado pega e mastiga. Era uma pimenta. Chan pode ser bom de briga, mas também é a versão de Hong Kong para o nosso Didi Mocó. (LÚCIO RIBEIRO)
Filme: Bom de Briga Produção: Hong Kong, 1997 Direção: Samo Hung Lançamento: Warner (tel. 011/820-6777)


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