São Paulo, sábado, 08 de abril de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ÓPERA AXÉ

História do canto lírico em Salvador tem 120 anos

da Agência Folha, em Salvador

Quando Luciano Pavarotti estufar o peito e começar a soltar seu vozeirão na Bahia, terão se passado exatos 120 anos que o maestro Carlos Gomes (1836-1896) apresentou a ópera "O Guarani", em Salvador.
Sim, porque a terra do axé e do trio elétrico também é fértil para árias, óperas e cantatas. Nada menos que 7.000 pessoas devem lotar a Bahia Marina para ver a apresentação do tenor italiano.
Nesse intervalo de mais de um século entre Gomes e Pavarotti, passaram pela Bahia, entre outros astros internacionais do gênero, a cantora lírica norte-americana Marian Anderson -a mesma que se apresentou na posse de John Kennedy, em 1960-, o tenor também americano Eugene Conley, em 1952, e a cantante italiana Vitoria de Angelis.
Ano passado, a soprano espanhola Montserrat Caballé lotou os quase 2.000 lugares do teatro Castro Alves. Casas cheias para apresentações de canto lírico, aliás, não são novidade na Bahia.
"A ópera no Estado nunca teve uma decadência. Sempre existiu um público fiel a esse tipo de apresentação em Salvador", conta o historiador Cid Teixeira, 74. Ele diz que a tradição de bons públicos começou a ganhar força mesmo a partir da construção do teatro São João, em 1814, na ladeira da Montanha, onde hoje fica a praça Castro Alves.
Por lá passou o tenor Enrico Tamberlick, o primeiro a interpretar d. Álvaro na ópera "Forza del Destino", de Verdi, em São Petersburgo, em 1862.
O teatro São João incendiaria em 1926, mas o canto lírico continuou a ter espaço no teatro do Instituto Normal, no cine-teatro Jandaia -que hoje funciona como um cinema pornô-, no extinto teatro Politeama e, mais recentemente, no teatro Castro Alves, o principal de Salvador.
Mas não só de produções importadas vive o canto lírico da Bahia. Há 18 anos, existe em Salvador a Alba (Associação Lírica da Bahia), que produz um espetáculo de ópera a cada ano. São 70 coristas que levam à frente a tradição operística do Estado.
(MARCOS VITA)



Texto Anterior: Análise: Por que o mundo insiste em amá-lo?
Próximo Texto: Co-autor do "Show do Milhão" processa o SBT e Silvio Santos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.