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ÓPERA AXÉ
História do canto lírico
em Salvador tem 120 anos
da Agência Folha, em Salvador
Quando Luciano Pavarotti estufar o peito e começar a soltar seu
vozeirão na Bahia, terão se passado exatos 120 anos que o maestro
Carlos Gomes (1836-1896) apresentou a ópera "O Guarani", em
Salvador.
Sim, porque a terra do axé e do
trio elétrico também é fértil para
árias, óperas e cantatas. Nada menos que 7.000 pessoas devem lotar a Bahia Marina para ver a
apresentação do tenor italiano.
Nesse intervalo de mais de um
século entre Gomes e Pavarotti,
passaram pela Bahia, entre outros
astros internacionais do gênero, a
cantora lírica norte-americana
Marian Anderson -a mesma
que se apresentou na posse de
John Kennedy, em 1960-, o tenor também americano Eugene
Conley, em 1952, e a cantante italiana Vitoria de Angelis.
Ano passado, a soprano espanhola Montserrat Caballé lotou os
quase 2.000 lugares do teatro Castro Alves. Casas cheias para apresentações de canto lírico, aliás,
não são novidade na Bahia.
"A ópera no Estado nunca teve
uma decadência. Sempre existiu
um público fiel a esse tipo de
apresentação em Salvador", conta
o historiador Cid Teixeira, 74. Ele
diz que a tradição de bons públicos começou a ganhar força mesmo a partir da construção do teatro São João, em 1814, na ladeira
da Montanha, onde hoje fica a
praça Castro Alves.
Por lá passou o tenor Enrico
Tamberlick, o primeiro a interpretar d. Álvaro na ópera "Forza
del Destino", de Verdi, em São Petersburgo, em 1862.
O teatro São João incendiaria
em 1926, mas o canto lírico continuou a ter espaço no teatro do
Instituto Normal, no cine-teatro
Jandaia -que hoje funciona como um cinema pornô-, no extinto teatro Politeama e, mais recentemente, no teatro Castro Alves, o principal de Salvador.
Mas não só de produções importadas vive o canto lírico da Bahia. Há 18 anos, existe em Salvador a Alba (Associação Lírica da
Bahia), que produz um espetáculo de ópera a cada ano. São 70 coristas que levam à frente a tradição operística do Estado.
(MARCOS VITA)
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