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São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2003

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MÚSICA ELETRÔNICA

Folia francesa

Divulgação
Gil le Malin (esq.) e Olivier M., os produtores franceses do Youngsters, que se apresenta em São Paulo no próximo dia 26



The Youngsters inova ao incorporar elementos da house music ao tecno clássico


ANDRÉ BARCINSKI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Em meio a tantos pesos-pesados da música eletrônica -Dave Clarke, Grooverider, Jeff Mills, 808 State, Mark Farina, Derrick May- que virão para o festival Skol Beats, que acontecerá no próximo dia 26 de abril, no Anhembi, em São Paulo, um duo francês periga ser a grande surpresa do festival: The Youngsters.
Praticamente desconhecido no Brasil, The Youngsters está se tornando uma febre na cena tecno européia. Suas apresentações são concorridíssimas e seus lançamentos pelo selo F-Communications, do mestre francês Laurent Garnier, vendem a rodo. "Esta é uma boa época para nós; estamos numa fase muito criativa e com vários novos projetos", disse à Folha, por telefone, de Montpellier (sul da França), Gil le Malin, 34, uma metade do The Youngsters. Olivier M., 25, a outra metade, completa: "Mesmo cheios de trabalho, decidimos que uma apresentação no Brasil era uma proposta irrecusável. Sempre sonhamos em tocar aí".
Gil e Olivier se conheceram na loja de discos de Gil, há cinco anos. Logo descobriram uma paixão comum: o tecno de Detroit. "É até um clichê dizer isso, mas o tecno mais criativo do mundo ainda é o pioneiro, aquele feito por gente como Kevin Saunderson e Derrick May. É a nossa maior inspiração", conta Gil.
Ouvindo "Lemonorange", LP de 2001 que só agora sai no Brasil, é fácil identificar essa influência de Detroit: ali estão as batidas metálicas e os vocais com influência house, marcas registradas dos pioneiros do tecno. "Gostamos de definir nosso som como tecno", explica Olivier. "Mas nosso tecno é bem aberto a outras influências: house, downtempo, trilhas sonoras... gostamos de experimentar bastante."
Eles prometem uma apresentação empolgante no Brasil. "Gostamos de grupos como Chemical Brothers e Underworld, que fazem música eletrônica para pista e sabem animar multidões", afirma Gil.

Tarde
Quem já viu The Youngsters ao vivo sabe o que esperar: som de festa, interação com a platéia, enfim, uma verdadeira folia. Foi assim no festival Sonar, em Barcelona, em 2001, numa apresentação que consagrou a banda na Europa. Olivier lembra com saudade: "Foi o show mais emocionante que já fizemos. Poucos conheciam nossa música direito naquela época, mas aquela noite mudou muita coisa. Havia 10 mil pessoas na platéia e toda a imprensa especializada estava lá. Isso nos deu muita força".
No Brasil, The Youngsters vai se apresentar no palco ao ar livre (Outdoor Stage), às 6h30 da manhã. Não poderia haver hora melhor para curtir um som não muito pesado, altamente dançante e cheio de climas misteriosos da dupla.
Gil se mostra apreensivo com o horário da apresentação, até ser avisado que o público brasileiro costuma varar noites e dias dançando, com resistência de maratonista. "Não é muito tarde?", pergunta. "Tenho medo de que não haja ninguém na platéia quando nós começarmos a tocar."
Depois, já ciente de que tocará entre duas grandes atrações (o americano Jeff Mills e o brasileiro Anderson Noise, que encerra o festival), ele se mostra satisfeito: "Então tem tudo para ser uma grande noite".


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