São Paulo, sábado, 08 de maio de 2004

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ENTRELINHAS

A Queda da Bastilha

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A campanha pelo barateamento do livro brasileiro, para alguns um dos nós da massificação do mercado, teve um episódio importante nesta semana. Uma das maiores redes livreiras do mundo, a francesa Fnac, entrou na batalha, com seu braço local.
O diretor-geral da empresa no Brasil, o francês Pierre Courty, entregou no apagar das luzes de quinta-feira um documento para o ministro Gilberto Gil pedindo empenho do governo na redução dos preços da livralhada.
Na carta, solicitou que o ministro lutasse por mais incentivos fiscais ou pelo estímulo do livro de bolso. Courty disse que os preços eram "proibitivos" para o mercado. Gil concordou.
A Fnac também anunciou ao ministro um projeto de estímulo da literatura nacional na França em 2005, ano em que o Brasil receberá homenagens dos nativos. A rede, que inaugura na quinta-feira sua quinta loja no Brasil, com 3.000 m2, em Curitiba (uma loja em Brasília vem aí em julho), pretende levar autores para eventos na França.

PARATI BLUES
Como diria o colega José Simão, "buemba, buemba". Mudanças de peso no evento mais badalado da literatura no Brasil, a Festa Literária Internacional de Parati (Flip). Susan Sontag não vem mais. Está gripada. Em seu lugar, entra o "enfant terrible" Martin Amis, principal nome, com Ian McEwan (também na Flip), da renovação da literatura inglesa a partir dos anos 80.

ESTAÇÃO FUVEST
Seis títulos de leitura obrigatória para a Fuvest começaram a ser incluídos ontem nas máquinas de vendas de livros da empresa 24x7 em metrôs de SP. "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "Memórias de um Sargento de Milícias", "Macunaíma", "O Primo Basílio", "Poemas Completos de Alberto Caeiro" e "Sagarana"

SUPERÁVIT
A balança comercial literária brasileira registrou nos últimos dias movimentações pouco ortodoxas. Exportamos para Sérvia e Montenegro e para a Albânia. Para a primeira, negociamos "Budapeste", de Chico Buarque. Para o antigo rincão comunista foi o indefectível "11 Minutos", de Paulo Coelho.

ZÔO
"Bichos que Existem & Bichos que Não Existem" estão existindo (e não existindo) muito bem no exterior também. O livro do articulista da Folha Arthur Nestrovski e da ilustradora Maria Eugênia, dono do Jabuti de Livro do Ano, em 2003, entrou para o principal catálogo de obras infantis do mundo, o White Ravens.

MY ROMANCE
Pesquisa da empresa americana Ipsos BookTrends, publicada na última "Publishers Weekly", mostra que o romance vai bem, thanks, nos EUA. O gênero tem 19% do mercadão, estimado em 1,20 bilhão de volumes em 2003. Fica na frente de ficção geral, mistério, infantis, biografias, culinária, história e até dietas/fitness.

@ - elek@folhasp.com.br

FORA DA ESTANTE

A jazida recém-encontrada pelas editoras Rocco e José Olympio, com os lançamentos comentados hoje na capa da Ilustrada, é cheia de "pepitas" nunca exploradas no Brasil. Quase todos os grandes romances de faroeste da história são inéditos por aqui. "Shane", Jack Schaefer (1949), é um desses unânimes nas listas "os melhores westerns de todos os tempos" sem edição no país, mesmo tendo sua adaptação para o cinema, "Os Brutos Também Amam" (George Stevens, 1953) -tema de livro de ensaio de Paulo Perdigão-, muito difundida nas telonas (e agora DVDs). Resta saber se os atuais lançamentos darão início a uma "corrida do ouro".


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