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São Paulo, domingo, 08 de junho de 2003

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FILMES E TV PAGA

Altman elabora radiografia cruel do cinema

Mortal Kombat
Globo, 13h10.
EUA, 95, 98 min. Direção: Paul Anderson. Com Christopher Lambert, Bridgette Wilson. Coqueluche entre a garotada, há alguns anos, o jogo "Mortal Kombat" ganhou aqui uma versão filme. Será que a meninada ainda lembra o que é "Mortal Kombat"?

Osso, Amor e Papagaios
Cultura, 15h30.
Brasil, 56, 102 min. Direção: Carlos Alberto de Souza Barros, César Mêmolo Jr. Com Fábio Cardoso, Jaime Costa. No auge da ressaca da Vera Cruz -que falira pouco tempo antes-, esse filme representou uma esperança, ao analisar a vida política em uma cidadezinha do interior e, sobretudo, seus tipos. Mas o diretor Souza Barros sumiu um tanto quanto do mapa, enquanto Mêmolo passou a cuidar da produção de filmes publicitários.

Mogli, o Menino Lobo
Record, 18h.
(Jungle Book 2). EUA, 97, 85 min. Direção: Dulcan McLahlan. Com James Williams, Bill Campbell. Um inescrupuloso homem pretende capturar Mogli, o menino das selvas, e transformá-lo em atração circense. Mas Mogli tem amigos fiéis entre os animais, que estarão lá, dispostos a salvá-lo.

O Jogador
Bandeirantes, 20h30.
(The Player). EUA, 92, 123 min. Direção: Robert Altman. Com Tim Robbins, Greta Scacchi, Whoopi Goldberg. Radiografia cruel da indústria cinematográfica, a partir das atividades de um executivo de estúdio (Robbins). Nenhum escrúpulo à vista nesse filme que relançou a carreira de Altman. Em compensação, um filme talentoso.

O Troco
SBT, 23h30.
(Payback). EUA, 99, 100 min. Direção: Brian Helgeland. Com Mel Gibson, Deborah Kara Unger, Gregg Henry. Ladrão arma assalto com a mulher e um amigo. Esses dois se unem para traí-lo e, resolutamente, matá-lo. Mas nosso herói é Mel Gibson: não morre fácil. E parte para dar o troco.

Tiro e Queda
Globo, 23h.
(The Big Hit). EUA, 98, 92 min. Direção: Kirk Wong. Com Mark Wahlberg, Lou Diamond Phillips, Christina Applegate. "Thriller" cômico, a respeito de grupo de assassinos profissionais liderados por Mel (Wahlberg), que se complica em vários frontes, um deles ao raptar a filha de um ricaço, que também é afilhada do chefão. Mais tarde, Mel verá sua amante fugir com seu dinheiro. E vai por aí. Mel inspira pouco respeito. Mais queda do que tiro.

O Fiel Camareiro
Bandeirantes, 0h30.
(The Dresser). Inglaterra, 83, 118 min. Direção: Peter Yates. Com Albert Finney, Tom Courtenay, Edward Fox. Yates, mais conhecido por seus filmes de ação, aqui em trabalho interiorizado sobre a relação entre um monstro sagrado dos palcos (Finney) e seu camareiro (Courtenay), durante a Segunda Guerra, quando o primeiro faz o que pode e o que não pode para manter em cartaz seu Shakespeare. Belo retrato de ator e bela pintura do teatro visto por dentro. (IA)

TV PAGA

"Chinatown" revela ironia de Roman Polanski

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Por alguma razão, Roman Polanski é um diretor de cinema que atrai juízos radicais. "Eu gosto do Polanski", ouve-se com frequência. "Eu não", retruca-se com menos frequência -mas retruca-se.
O problema é: de qual Polanski se gosta ou não? O de "O Pianista"? Mas, mesmo dentro desse filme, há pelos menos dois Polanskis. O do início representa o Gueto de Varsóvia um pouco como filme de gladiador, com os alemães fazendo o papel de romanos e chicoteando gente nas ruas. Em outros momentos, o filme mostra execuções sumárias: tiros na cabeça em primeiro plano, sem nenhuma sutileza, sem espaço para sugestão.
Já no final, há outro Polanski: aquele que observa o mundo com cinismo e distância, que ri do acaso, mas ri amargamente, como quem não vê alternativa senão rir de um universo celerado. E existe, acima de tudo, a música como tentativa do homem de ordenar o caos da existência, de encobrir a infâmia pelo sublime.
Se "Chinatown" é um dos melhores Polanskis, isso se dá em grande parte porque estamos no registro do "filme noir", e porque o detetive J.J. Gites, bem classicamente, logo pensa que já sabe tudo, mas está a léguas disso.
Contratado inicialmente para um caso banal de matrimônio, cabe-lhe o destino habitual dos detetives: ver-se às voltas com um mistério muito mais amplo. Mas não é esse o ponto. E sim a opacidade do mundo. O mistério não conduz a um desvendamento; a incógnita não leva ao sentido.
Estamos um pouco nessas equações em que o significado de xis é, digamos, "x-2". Ou seja, no fundo, o xis do problema continua intacto. Quando trabalha com esse tipo de ironia, Polanski está em seu ambiente.


CHINATOWN. Quando: hoje, às 23h20, no Telecine Action.


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