UOL


São Paulo, domingo, 08 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cartoon faz dez anos com 30 milhões de telespectadores e celebra uma arte

Ilha da fantasia

JOSÉ AGUIAR
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Ao completar dez anos, o Cartoon Network, primeiro canal a cabo inteiramente dedicado aos desenhos animados, celebra não só a afirmação das animações com seu produto consumido por 30 milhões de telespectadores pelo mundo, mas também a evolução dessa arte.
"A TV paga foi um grande incentivo para os desenhos devido aos canais 24 horas", diz à Folha Van Partible, 32, criador do galã Johnny Bravo, estrela do Cartoon. "Desde os tempos de "O Gato Félix", em 1930, as principais mudanças na animação de TV têm sido quanto às cores e à sofisticação para produzir movimentos, além das novas maneiras de contar a história", relata.
Depois da primeira série para a TV em 1949, a "Cruzader Rabbit", do estúdio UPA, a primeira "fábrica" de desenhos televisivos foi fundada em 1957 -o estúdio Hanna-Barbera.
HB elegeu o modo barato de fazer animação, com o mínimo de movimentos, e em 1960 fez frente ao "politicamente correto" estilo Disney com "Os Flinstones", sátira à sociedade americana. Também conquistou o público adulto com o malandrão "Manda-Chuva" e com as séries de ação. A mais célebre foi "Jonny Quest", de 1964, com ares de James Bond, violência e morte.
O modo barato de animar abriu caminho para estúdios menores, e surgiram as primeiras séries de super-heróis -que se desgastaram rapidamente.

Desenhos cômicos
Ao mesmo tempo, as histórias bem-humoradas, garantia de retorno financeiro, voltaram à cena. "Scooby-Doo" lançou a fórmula da trupe de adolescentes acompanhada por mascote engraçadinho, caso também de "Tutubarão" e "Bionicão".
A criatividade deixava a desejar, mas o período tem fãs respeitáveis no mundo da animação. Genndy Tartakovsky, criador de "Laboratório de Dexter", é um exemplo. "Meu favorito é "Dinamite, o Bionicão'", diz.
Para Van Partible, um outro fã dos desenhos cômicos, esse estilo tem a preferência porque a maioria das pessoas assiste às animações para rir. Seu colega Eric Casemiro, que produziu "Rugrats, os Anjinhos", sucesso do canal Nickelodeon, concorda: "O sucesso vem de tudo o que consegue uma risada".
"Mas os desenhos engraçados não vendem tantos brinquedos quanto os de super-heróis, e as produtoras podem pesar isso na hora de optar", rebate Regis Brown, da produtora californiana Mike Young Productions, cujo desenho "Clifford, o Gigante Cão Vermelho" estréia em setembro no Discovery Kids.
Talvez por isso, no início dos anos 80 retornaram os heróis, como os guerreiros "He-Man", "Thundercats", "Comandos em Ação", "Transformers", com suas batalhas intermináveis.

Corretos e incorretos
Ainda nos 80, o receio de possíveis efeitos nocivos às crianças fez surgirem desenhos açucarados, como "Ursinhos Carinhosos", e os críticos passaram a anunciar o fim das animações.
Eric Casemiro acha que a "síndrome do politicamente correto", que deixou o cenário repetitivo na década, não se limitou à animação. "Todas as formas de entretenimento sentiram e sentem essa pressão, que esmaga o talento. Muitos cedem. Mas outros sobrevivem e se tornam sucessos."
Nos anos 90, o "politicamente incorreto" reagiu com desenhos como "Os Simpsons". As produções adultas, como "South Park" e "O Rei do Pedaço", tiveram sua vez. E animações antigas, como "A Turma do Pernalonga", e de aventura, como "Batman", foram modernizadas.
Segundo Brown, "alguns desses desenhos apresentam um mundo onde as pessoas podem fazer o que pensam, sem se preocupar com consequências. "Os Simpsons" são assim. São animações que funcionam para todos".



Texto Anterior: Teatro: Banderas é a incógnita do Tony
Próximo Texto: Onde assistir aos desenhos animados
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.