Maria Antonia apresenta trabalho renovador em ilustrações, capas de livros e acrílicas sobre tela do artista mineiro

Reforma gráfica do "Jornal do Brasil" e projeto do "Jornal de Resenhas", da Folha, são destaques de exposição em São Paulo

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Amilcar de Castro (1920-2002) foi mais que o mestre do corte e da dobra na escultura brasileira. Sua trajetória nas artes gráficas é tema da exposição "Amilcar de Castro - Programador Visual e Ilustrador de Publicações", que é aberta hoje para convidados no Centro Universitário Maria Antonia. A radicalidade de seus projetos gráficos, como a reforma que assinou nas páginas do "Jornal do Brasil", em 1957, é destacada pelo curador da mostra, José Francisco Alves. "Os brancos e as fotografias que ele insere, os fios que abole e as manchas de textos diagramadas de modo não-usual fazem da reforma do "JB" um projeto radical para a época, que ainda não perdeu a contemporaneidade", avalia o curador. Alves lembra que, entre o final dos anos 50 e o início dos 60, Amilcar era mais conhecido por seu trabalho gráfico. "Ele desenvolvia sua obra escultórica construtiva, mas era famoso principalmente pelo tratamento gráfico inovador que dava aos veículos onde trabalhava." A exposição foi inicialmente exibida na 5ª Bienal do Mercosul, realizada em Porto Alegre no ano passado, mas incorporou em São Paulo 14 ilustrações e duas acrílicas sobre tela, além de nove capas de livros de Kafka da Companhia das Letras. A mostra tem outros livros -destaca-se a bela capa de "O Vulcão e a Fonte", de José Lins do Rego, de 1958-, convites e pôsteres de galerias. Também é exibido outro momento-chave na carreira de Amilcar, o "Jornal de Resenhas", criado em 1999 como parceria entre a Folha, a Discurso Editorial, a USP (Universidade de São Paulo) e a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). As ilustrações para o jornal são inovadoras na trajetória do Amilcar, que utiliza a figuração, mas sem deixar suas características neoconcretas.