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CRÍTICA
Banda continua em cima do muro em novo CD
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
Skank é uma banda de meio. Situa-se, no cenário, num ponto de
meio entre as pontas do rock/pop
radiofônico à Paralamas e dos rebolados e bundinhas televisivos à
É o Tchan. Esse meio é um muro,
Skank é banda de muro.
"Siderado" não os ajuda em
nada a descer do muro -sua gravadora não há de querer, já que é
grupo de enorme sucesso-, gira
em círculos (viciosos) de idéias já
expostas. A produção gringa de
John Shaw (UB40) e de Paul Ralphes (Bliss, o Bliss, meu Deus do
céu, por que o Bliss???) não acrescenta um grão ao padrão metálico
do Skank -quando muito esboça
um rap em "Marginal Tietê".
A fórmula de sucesso é seguida à
risca, com o desconforto de muitas melodias avançarem na repetição -"Mandrake e os Cubanos"
macaqueia "Garota Nacional",
"Romance Noir" é igual a "Tão
Seu", "No Meio do Mar" vai na
cola de "O Beijo e a Reza"...
Diferenças? Uma aqui, outra
acolá. "Resposta" é delicada,
"Mandrake e os Cubanos" tenta
experimentar arranjo moderninho, "Os Homens da Caverna"
fica interessante quando entra
aquela linha Ennio Morricone
(que desde a releitura de "É Proibido Fumar" é das coisas mais legais que o grupo faz). Mas é só.
Fora isso, Skank continua carecendo de firmeza em várias frentes. Reza na cartilha de dois pilares
do pop/rock dos 80: os vocais indigentes e as letras indigentes.
Uma fragrância de honestidade
ingênua atravessa o CD, mas não é
possível que na era da profissionalização da canção popular Samuel
Rosa não se esmere por aprimorar
modos de cantar. Sendo assim,
Skank se nivela ao Tchan, e milhões de cópias vendidas se tornam deboche operado por suposto "megapúblico" nada exigente.
As letras? É pedir para não ser
respeitado cometer sandices do tipo "será que você gostou/ desse
anel daqueles hippies/ parece a gema dos seus olhos/ irrequietos
acepipes" (em "Mandrake e os
Cubanos") e "o peixe morre pela
boca/ ou senão pelo sexo/ estude o
léxico do amor, por favor" (em
"Don Blás"), socorro!
O público cantará em coro tais
poemas. Se está bem para todos, é
típico diálogo de surdos, de quem
não se importa com o que está
cantando a quem não se importa
com o que está ouvindo. Não engrandece o Skank nem seu país.
"Do Ben" quer homenagear
mestre Jorge Ben (em lance esperto de insinuar que ele era mais de
verdade quando era Ben que agora
que é Ben Jor). Derrama metais
exibicionistas sobre letra paródica
e ultraja Ben, homenageando sem
querer o perdido Ben Jor.
Os metais, aliás, são derramados
aos litros -impressionante como
naipes de metal são usados, no
Brasil, a serviço da facilidade, em
geral numa suposta corrente de
influência caribenha. É de doer.
Nessa linha, "Siderado", a faixa, tem tudo para ser o estrondo
de "Siderado", o CD -um CD
nada siderado. É pena que o Skank
(a Sony?) opte pelo infantilismo
do rock de bravata de garotas nacionais e mandrakes ("vai chover
marido agora", gabam-se). Ora,
bolas, façam-nos o favor.
Disco: Siderado
Grupo: Skank
Lançamento: Sony
Quanto: R$ 18, em média
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