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MÚSICA/LANÇAMENTOS
Disco tem participação de Missy Elliott e Jay-Z
Em sua estréia, Beyoncé chega perigosamente sexy e abusada
Divulgação
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A cantora norte-americana Beyoncé, de "Dangerously in Love" |
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Este álbum, "Dangerously in
Love", nunca deveria iniciar
com "Crazy in Love". É que a música é tão boa, pegajosa e perigosamente cativante que faz o restante parecer apenas supérfluo
-o que é meio injusto.
"Crazy in Love" é obra de Beyoncé -a Beyoncé Knowles, 21
anos, do Destiny's Child, um trio
de pop/r&b norte-americano que
já vendeu 30 milhões de cópias de
seus três discos.
Se essa música não te fizer gostar de r&b, então nenhuma outra
fará. Aqui ela aparece com o rapper Jay-Z. E logo no começo,
quando ele grita "Yes! It's so crazy
right now!" pontuado por cordas
alegres, à la big bands, já sabemos
que o negócio não vai ser fácil.
Essa canção, sobre uma garota
louca de amor por um cara, que
fica maluca só de pensar em ser
beijada e tocada por ele, é enérgica e dançante de tal forma que por
alguns momentos -só por alguns momentos, exatos
3min55s- todo o rock e a música
eletrônica se tornam aparentemente inúteis.
E isso é "Crazy in Love", uma
das melhores coisas do ano no
pop e o ponto alto do disco.
O resto
Continuar "Dangerously in Love" após essa primeira faixa é
missão insalubre, mas Beyoncé
até que faz o que pode.
Em sua estréia solo, a cantora dá
os primeiros passos a partir de
onde parou -apenas temporariamente- com o Destiny's
Child: "Survivor", o decepcionante último disco do grupo, de 2001.
Mas agora ela espertamente se ancora em colaborações especiais,
como Jay-Z, Big Boi (da dupla
Outkast), Missy Elliott e Sean
Paul. (E não custa lembrar: Beyoncé desbancou Britney Spears
como a garota-propaganda da
Pepsi e hoje também empresta
seu belo rostinho para vender os
cosméticos da L'Oréal.)
O álbum segue com "Naughty
Girl", um r&b malandro e sensual, em que ela entona "I'm feeling sexy". O problema aqui, e em
outras músicas do disco, é que
não dá para acreditar em Beyoncé
e que ela está se "sentindo sexy" e
que é uma "garota maliciosa". Isso cairia bem se fosse cantado por
provocadoras como Madonna,
Christina Aguilera ou Missy
Elliott, mas não por uma garota
assumidamente religiosa e que há
pouco recusou uma oferta para
ser capa da revista britânica "The
Face" porque ficou ofendida ao
saber que para a foto -ela seria
clicada por David LaChapelle-
teria que vestir um microbiquíni e
ser coberta por mel.
Já em "Baby Boy", em que Beyoncé faz par com o ragga-rapper
Sean Paul, ela é um pouco menos
atrevida, diz apenas que não consegue parar de sonhar com seu
"baby boy", que preenche todas
as suas fantasias.
"Hip Hop Star" tem levada quase-rock, com uma guitarrinha de
fundo. É sexy, mas não explosiva.
O que poderia render pérola, a
parceria com Missy Elliott, é a
maior decepção. "Signs" é uma
balada chata, sem ritmo, sem o
balanço que caracteriza os trabalhos tanto de Elliott quanto do
Destiny's Child.
"Dangerously in Love" não é
um disco desigual, com uma canção espetacular e outras apenas
boas. É, no mínimo, melhor do
que o último do Destiny's Child.
Dangerously in Love
Artista: Beyoncé
Lançamento: Sony
Quanto: R$ 30, em média
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