São Paulo, sábado, 08 de agosto de 2009

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Não existe limitação legal para herdeiros

DA REPORTAGEM LOCAL

"Paris É uma Festa" (1964) foi o primeiro de vários livros de Ernest Hemingway (1899-1961) publicados nos anos que se seguiram à sua morte. Hoje, reeditar obras dele depende só da vontade de Patrick Hemingway, único herdeiro direto ainda vivo. Patrick é também filho de Pauline e tio de Sean, o que ajuda a entender a autorização para a controversa reedição recém-lançada nos EUA.
"Não existe limitação legal nesse tipo de interferência, mas há uma limitação prática: os leitores podem não gostar", diz Paul Aiken, diretor-executivo do Authors Guild, o sindicato dos escritores nos EUA. "Herdeiros têm de ser cuidadosos para não prejudicar as reputações de seus parentes."
A única alternativa para um escritor evitar que seus herdeiros reeditem seus textos ou que publiquem inéditos depois de sua morte é deixar esse desejo especificado no testamento.
Hemingway não foi o único autor a ter textos póstumos publicados neste ano. Recentemente, o filho de Vladimir Nabokov (1899-1977) autorizou a publicação de "The Original of Laura", obra que o autor de "Lolita" rejeitava e havia pedido à sua família que queimasse.
A decisão foi questionada até por Andrew Gulli, editor da revista literária americana "The Strand", que já publicou textos póstumos de Mark Twain (1835-1910) e que agora publica, em partes, um romance inacabado e recém-descoberto de Graham Greene (1904-1991).
"Como editor, eu não publicaria algo se soubesse que não era essa a vontade do escritor", disse Gulli à Folha. O texto de Greene que está sendo publicado pela revista foi iniciado quando o inglês tinha 22 anos, mas, segundo o editor, "já mostra o estilo do autor maduro".
Gulli ainda não sabe como terminará essa história. Como o romance não tem fim, pensa em abrir um concurso para que leitores o finalizem ou em contratar um escritor. "Farei o que a família achar melhor." (RC)


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