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Não existe limitação legal para herdeiros
DA REPORTAGEM LOCAL
"Paris É uma Festa" (1964)
foi o primeiro de vários livros
de Ernest Hemingway (1899-1961) publicados nos anos que
se seguiram à sua morte. Hoje,
reeditar obras dele depende só
da vontade de Patrick Hemingway, único herdeiro direto ainda vivo. Patrick é também filho
de Pauline e tio de Sean, o que
ajuda a entender a autorização
para a controversa reedição recém-lançada nos EUA.
"Não existe limitação legal
nesse tipo de interferência,
mas há uma limitação prática:
os leitores podem não gostar",
diz Paul Aiken, diretor-executivo do Authors Guild, o sindicato dos escritores nos EUA.
"Herdeiros têm de ser cuidadosos para não prejudicar as reputações de seus parentes."
A única alternativa para um
escritor evitar que seus herdeiros reeditem seus textos ou que
publiquem inéditos depois de
sua morte é deixar esse desejo
especificado no testamento.
Hemingway não foi o único
autor a ter textos póstumos publicados neste ano. Recentemente, o filho de Vladimir Nabokov (1899-1977) autorizou a
publicação de "The Original of
Laura", obra que o autor de
"Lolita" rejeitava e havia pedido à sua família que queimasse.
A decisão foi questionada até
por Andrew Gulli, editor da revista literária americana "The
Strand", que já publicou textos
póstumos de Mark Twain
(1835-1910) e que agora publica, em partes, um romance inacabado e recém-descoberto de
Graham Greene (1904-1991).
"Como editor, eu não publicaria algo se soubesse que não
era essa a vontade do escritor",
disse Gulli à Folha. O texto de
Greene que está sendo publicado pela revista foi iniciado
quando o inglês tinha 22 anos,
mas, segundo o editor, "já mostra o estilo do autor maduro".
Gulli ainda não sabe como
terminará essa história. Como
o romance não tem fim, pensa
em abrir um concurso para que
leitores o finalizem ou em contratar um escritor. "Farei o que
a família achar melhor."
(RC)
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