Comédia reúne Renato Borghi e Miriam Mehler em cena, 40 anos após Oficina

"Mãe é Karma!" retrata as relações, angústias e alguns ridículos da família de classe média brasileira, aliando o humor à crítica social

GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O ator, diretor e agora também dramaturgo Elias Andreato parece surpreso com o destino de "Mãe é Karma!". Sua primeira obra dramatúrgica, gerada, segundo ele, como uma brincadeira, estreia hoje com uma bela produção e profissionais talentosos.
O espetáculo promove ainda o reencontro artístico entre dois importantes atores da história das artes cênicas brasileira: Renato Borghi e Miriam Mehler, dupla de sucesso no início da trajetória do Teatro Oficina que há 40 anos não atuava junto.
"Eu não sabia o que o texto renderia, e se renderia alguma coisa", desabafa o autor, também diretor do espetáculo. Ossos do ofício, segundo a protagonista Mehler: "Se eu, com 51 anos de carreira, morro de medo de estreia, imagina ele, em seu primeiro trabalho como dramaturgo. Mas, pelo meu faro, esta é a primeira peça de muitas, ele acertou em cheio".
A peça alia humor a crítica social para retratar uma família de classe média brasileira, composta por uma dona de casa brincalhona e desbocada, um advogado aposentado habituado a se esquivar das dificuldades da vida, o único filho do casal -um homossexual carrancudo- e uma empregada.
E espelha o próprio público ao expor as angústias e os ridículos da família brasileira, abordando temas universais como envelhecimento, paternidade e preconceito. "Quero que o espectador possa se espiar. É como se ele estivesse aberto para visitação pública", diz Andreato.