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LIVROS
"Canto dos Malditos", de Austregésilo Carrano Bueno, que gerou "Bicho de Sete Cabeças", é sexto lugar de não-ficção
Filme coloca relato entre mais vendidos
DA REPORTAGEM LOCAL
O ranking de livros mais vendidos confirma o poder do "veja o
filme, leia o livro". "Canto dos
Malditos" inspira "Bicho de Sete
Cabeças", longa de Laís Bodanzky. Lançado em 90, ganhou
nova edição no meio de ano e
agora está em sexto entre os títulos não-ficcionais, pela pesquisa
Datafolha feita no Rio e em São
Paulo (veja quadro ao lado).
No livro, o curitibano Austregésilo Carrano Bueno, 43, narra sua
experiência como interno das instituições psiquiátricas onde foi
posto em tratamento pelo pai, por
uso de drogas. Carrano, que vive
em Curitiba, hoje é escritor e ativista da luta antimanicomial.
Ele concorda que o livro tenha
sido impulsionado pelo primeiro
longa de Bodanzky, elogiado por
público e crítica e premiado em
festivais como os de Brasília e de
Locarno (Suíça).
"É claro que influenciou. Eu faço muitas palestras sobre saúde
mental e o pessoal recomendava
muito o livro. Com o sucesso do
filme, somou dois e dois e está
sendo maravilhoso."
Apesar de gostar do longa, na
sua opinião a produção não retrata "10% do que a gente vive lá
dentro [de uma instituição psiquiátrica"". "O livro é mais detalhado", diz o autor.
Em 20 de junho, Carrano Bueno
foi condenado a pagar R$ 60 mil
aos dois hospitais e dois médicos
que processa por erro médico psiquiátrico. O escritor diz que vai
recorrer no Supremo Tribunal
Federal. "Tenho R$ 6.000, como
vou pagar R$ 60 mil?"
A intenção da Rocco, que edita
"Canto", era ter feito o lançamento coincidir com a estréia do filme, para reforçar seu potencial de
vendas, mas o cronograma atrasou por causa de uma disputa
com a Garamond, com quem
Carrano tinha um trato informal.
Poemas e bruxaria
"Os Cem Melhores Poemas do
Século" é novidade na lista de ficção (nono lugar). O volume é "irmão mais novo" da coletânea
análoga de contos também organizada por Italo Moriconi -que
estava em sétimo na pesquisa
passada, de junho.
De resto, não há grandes surpresas entre os títulos de ficção: os
quatro livros da série "Harry Potter" continuam firmes e fortes.
Os de não-ficção também têm
seu "toque de mágica". É só sair
um Paulo Coelho para ficar entre
os top. Foi o que aconteceu com
"Histórias para Pais, Filhos e Netos", lançado para o Dia dos Pais.
No mais, muita auto-ajuda.
Como é feita a pesquisa
Os dados foram pesquisados em
19 livrarias de São Paulo e do Rio,
selecionadas de modo a representar as principais redes e livrarias
sem filiais. A seleção também leva
em conta a localização da loja
(shopping, aeroporto ou rua). A
metodologia usada foi a do flagrante de compra (o entrevistado
é abordado após a aquisição).
As entrevistas foram feitas em
31 de julho, 2 e 4 de agosto, com
1.259 compradores (709 em São
Paulo e 550 no Rio). A margem de
erro é de três pontos percentuais,
para mais ou para menos.
As livrarias consultadas foram:
Belas Artes, Fnac (duas lojas), Laselva, Livraria da Vila, Nobel, Saraiva (duas lojas) e Siciliano (três
lojas), em São Paulo; e Eldorado,
Letras e Expressão, Siciliano
(duas lojas), Sodiler (duas lojas) e
Saraiva (duas lojas), no Rio.
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