São Paulo, sábado, 08 de setembro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LIVROS

"Canto dos Malditos", de Austregésilo Carrano Bueno, que gerou "Bicho de Sete Cabeças", é sexto lugar de não-ficção

Filme coloca relato entre mais vendidos

DA REPORTAGEM LOCAL

O ranking de livros mais vendidos confirma o poder do "veja o filme, leia o livro". "Canto dos Malditos" inspira "Bicho de Sete Cabeças", longa de Laís Bodanzky. Lançado em 90, ganhou nova edição no meio de ano e agora está em sexto entre os títulos não-ficcionais, pela pesquisa Datafolha feita no Rio e em São Paulo (veja quadro ao lado).
No livro, o curitibano Austregésilo Carrano Bueno, 43, narra sua experiência como interno das instituições psiquiátricas onde foi posto em tratamento pelo pai, por uso de drogas. Carrano, que vive em Curitiba, hoje é escritor e ativista da luta antimanicomial.
Ele concorda que o livro tenha sido impulsionado pelo primeiro longa de Bodanzky, elogiado por público e crítica e premiado em festivais como os de Brasília e de Locarno (Suíça).
"É claro que influenciou. Eu faço muitas palestras sobre saúde mental e o pessoal recomendava muito o livro. Com o sucesso do filme, somou dois e dois e está sendo maravilhoso."
Apesar de gostar do longa, na sua opinião a produção não retrata "10% do que a gente vive lá dentro [de uma instituição psiquiátrica"". "O livro é mais detalhado", diz o autor.
Em 20 de junho, Carrano Bueno foi condenado a pagar R$ 60 mil aos dois hospitais e dois médicos que processa por erro médico psiquiátrico. O escritor diz que vai recorrer no Supremo Tribunal Federal. "Tenho R$ 6.000, como vou pagar R$ 60 mil?"
A intenção da Rocco, que edita "Canto", era ter feito o lançamento coincidir com a estréia do filme, para reforçar seu potencial de vendas, mas o cronograma atrasou por causa de uma disputa com a Garamond, com quem Carrano tinha um trato informal.

Poemas e bruxaria
"Os Cem Melhores Poemas do Século" é novidade na lista de ficção (nono lugar). O volume é "irmão mais novo" da coletânea análoga de contos também organizada por Italo Moriconi -que estava em sétimo na pesquisa passada, de junho.
De resto, não há grandes surpresas entre os títulos de ficção: os quatro livros da série "Harry Potter" continuam firmes e fortes.
Os de não-ficção também têm seu "toque de mágica". É só sair um Paulo Coelho para ficar entre os top. Foi o que aconteceu com "Histórias para Pais, Filhos e Netos", lançado para o Dia dos Pais. No mais, muita auto-ajuda.

Como é feita a pesquisa
Os dados foram pesquisados em 19 livrarias de São Paulo e do Rio, selecionadas de modo a representar as principais redes e livrarias sem filiais. A seleção também leva em conta a localização da loja (shopping, aeroporto ou rua). A metodologia usada foi a do flagrante de compra (o entrevistado é abordado após a aquisição).
As entrevistas foram feitas em 31 de julho, 2 e 4 de agosto, com 1.259 compradores (709 em São Paulo e 550 no Rio). A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
As livrarias consultadas foram: Belas Artes, Fnac (duas lojas), Laselva, Livraria da Vila, Nobel, Saraiva (duas lojas) e Siciliano (três lojas), em São Paulo; e Eldorado, Letras e Expressão, Siciliano (duas lojas), Sodiler (duas lojas) e Saraiva (duas lojas), no Rio.


Texto Anterior: Da rua - Fernando Bonassi: Os faraós
Próximo Texto: Houellebecq abafa 368 novidades
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.