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CINEMA
Não há consenso nem favoritos para premiação do festival; "Abril Despedaçado" recebe crítica negativa da imprensa
Veneza anuncia hoje seus vencedores
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A VENEZA
Não há favoritos nem consensos
no 58º Festival de Cinema de Veneza, que termina hoje. O anúncio oficial dos vencedores está
previsto para as 20h (15h do horário de Brasília).
Depois de ser aplaudido de pé
anteontem durante seis minutos
pelo público presente à projeção
oficial de "Abril Despedaçado", o
longa do cineasta brasileiro Walter Salles, concorrente ao Leão de
Ouro, foi impiedosamente avaliado pela crítica italiana ontem.
"É o mais fraco do festival, (...)
um filme em que o cinema naufraga", escreveu Enrico Magrelli,
em publicação diária sobre a mostra. "Prêmio para a previsibilidade da direção", arrematou.
Avaliações
No painel de votação que reúne
as notas -de zero a dez- de 16
críticos italianos, "Abril Despedaçado" aparece com a menor média (4,3) entre os 17 concorrentes
já apresentados.
Hoje serão exibidos os três restantes: o irlandês "How Harry Became a Tree", do diretor sérvio
Goran Paskaljevic, o italiano "Luna Rossa", de Antonio Capuano, e
a produção romeno-francesa
"L'Après-Midi d'un Tortionnaire", de Lucian Pintilie.
O filme mais bem avaliado pelos
italianos é o iraniano "Raye Mahkif", de Babak Payami (7,1), seguido de "Os Outros", do espanhol
Alejandro Amenábar, e "Quem
És Tu?", do português João Botelho (nota 7 cada um).
Em sua edição de ontem, o jornal francês "Le Monde" preferiu
destacar um dos próximos projetos de Salles (um filme sobre a viagem de Che Guevara de motocicleta pela América do Sul, que terá
produção de Robert Redford, já
anunciado pela Folha) a criticar a
obra em disputa em Veneza.
A inexistência de favoritos no
festival coincide com uma avaliação geral -da parte do público e
da crítica- de que é fraco o nível
médio dos concorrentes. "Come
back, Gillo!" é uma das mensagens que se lê no mural de opiniões deixadas pelo público na
área livre do festival.
O pedido é pela volta do cineasta Gillo Pontecorvo à direção da
mostra, atualmente a cargo de Alberto Barbera.
Causaram impressão, no entanto, o chinês "Hollywood Hong
Kong", de Fruit Chan, o inglês
"The Navigators", de Ken Loach,
e o austríaco "Hundstage", de Ulrich Seidel.
Os vencedores do Festival de
Veneza serão definidos por um
júri internacional presidido pelo
cineasta italiano Nanni Moretti e
integrado pela atriz francesa Jeanne Balibar, a atriz argentina Cecilia Roth, o escritor indiano Amitav Ghosh ("The Calcutta Chromosome"), os cineastas Taylor
Hackford ("O Advogado do Diabo") e Jerzy Skolimowski
("Ferdydurke") e o produtor Vibeke Windelov ("Dançando no
Escuro").
Além do Leão de Ouro ao melhor filme, o júri também atribuirá um Grande Prêmio, um Prêmio Especial pela direção e ainda
troféus às melhores interpretações masculina e feminina, ao
melhor ator ou atriz emergente e
ao melhor roteiro.
Este ano o Festival de Veneza
concederá um novo prêmio, o
Leão do Ano, ao vencedor da
mostra paralela Cinema do Presente, instituído numa tentativa
de dar mais atenção aos filmes
propriamente e menos às estrelas
do cinema, segundo declarou Alberto Barbera.
Além disso, todos os filmes da
mostra que representam a estréia
de seu diretor em longas-metragens concorrem automaticamente ao Leão do Futuro.
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