São Paulo, sábado, 08 de setembro de 2001

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CINEMA

Não há consenso nem favoritos para premiação do festival; "Abril Despedaçado" recebe crítica negativa da imprensa

Veneza anuncia hoje seus vencedores

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A VENEZA

Não há favoritos nem consensos no 58º Festival de Cinema de Veneza, que termina hoje. O anúncio oficial dos vencedores está previsto para as 20h (15h do horário de Brasília).
Depois de ser aplaudido de pé anteontem durante seis minutos pelo público presente à projeção oficial de "Abril Despedaçado", o longa do cineasta brasileiro Walter Salles, concorrente ao Leão de Ouro, foi impiedosamente avaliado pela crítica italiana ontem.
"É o mais fraco do festival, (...) um filme em que o cinema naufraga", escreveu Enrico Magrelli, em publicação diária sobre a mostra. "Prêmio para a previsibilidade da direção", arrematou.

Avaliações
No painel de votação que reúne as notas -de zero a dez- de 16 críticos italianos, "Abril Despedaçado" aparece com a menor média (4,3) entre os 17 concorrentes já apresentados.
Hoje serão exibidos os três restantes: o irlandês "How Harry Became a Tree", do diretor sérvio Goran Paskaljevic, o italiano "Luna Rossa", de Antonio Capuano, e a produção romeno-francesa "L'Après-Midi d'un Tortionnaire", de Lucian Pintilie.
O filme mais bem avaliado pelos italianos é o iraniano "Raye Mahkif", de Babak Payami (7,1), seguido de "Os Outros", do espanhol Alejandro Amenábar, e "Quem És Tu?", do português João Botelho (nota 7 cada um).
Em sua edição de ontem, o jornal francês "Le Monde" preferiu destacar um dos próximos projetos de Salles (um filme sobre a viagem de Che Guevara de motocicleta pela América do Sul, que terá produção de Robert Redford, já anunciado pela Folha) a criticar a obra em disputa em Veneza.
A inexistência de favoritos no festival coincide com uma avaliação geral -da parte do público e da crítica- de que é fraco o nível médio dos concorrentes. "Come back, Gillo!" é uma das mensagens que se lê no mural de opiniões deixadas pelo público na área livre do festival.
O pedido é pela volta do cineasta Gillo Pontecorvo à direção da mostra, atualmente a cargo de Alberto Barbera.
Causaram impressão, no entanto, o chinês "Hollywood Hong Kong", de Fruit Chan, o inglês "The Navigators", de Ken Loach, e o austríaco "Hundstage", de Ulrich Seidel.
Os vencedores do Festival de Veneza serão definidos por um júri internacional presidido pelo cineasta italiano Nanni Moretti e integrado pela atriz francesa Jeanne Balibar, a atriz argentina Cecilia Roth, o escritor indiano Amitav Ghosh ("The Calcutta Chromosome"), os cineastas Taylor Hackford ("O Advogado do Diabo") e Jerzy Skolimowski ("Ferdydurke") e o produtor Vibeke Windelov ("Dançando no Escuro").
Além do Leão de Ouro ao melhor filme, o júri também atribuirá um Grande Prêmio, um Prêmio Especial pela direção e ainda troféus às melhores interpretações masculina e feminina, ao melhor ator ou atriz emergente e ao melhor roteiro.
Este ano o Festival de Veneza concederá um novo prêmio, o Leão do Ano, ao vencedor da mostra paralela Cinema do Presente, instituído numa tentativa de dar mais atenção aos filmes propriamente e menos às estrelas do cinema, segundo declarou Alberto Barbera.
Além disso, todos os filmes da mostra que representam a estréia de seu diretor em longas-metragens concorrem automaticamente ao Leão do Futuro.



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