São Paulo, segunda, 8 de setembro de 1997.



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FOTOGRAFIA
Exposição de Weston revive NY dos 40

ANA MARIA GUARIGLIA
free-lance para a Folha

O International Center of Photography, de Nova York, inaugura no próximo dia 19, sexta-feira, uma exposição, trazendo parte da obra de Brett Weston feita sobre a cidade nos anos 40.
Brett, filho do artista e fotógrafo Edward Weston (1899-1958), foi alvo dos jornais norte-americanos, em 1991, quando, ao completar 80 anos, resolveu incendiar todos os negativos produzidos ao longo de mais de 50 anos.
O ato foi visto como sensacionalista e insano, partindo de um homem senil, que premeditava a valorização comercial de suas obras.
Mas a incógnita do ato permaneceu e Brett ainda é considerado um dos maiores artistas de impressão do mundo.
Provavelmente, foi esse o fato que influenciou a destruição, evitando assim que não fossem reproduzidos por mãos inábeis. Hoje as galerias não vendem cópias por menos de US$ 5.000.
Nos anos 40, Brett trabalhava em um órgão de segurança na cidade. Ele a fotografou e teve de pedir emprestado o laboratório do fotógrafo Paul Strand (1890-1976) para revelar e ampliar as fotos.
Um dos destaques é "White Sands" (areias brancas), de 1945, em que ele explorou a textura da luz incidindo sobre o solo arenoso.
Anos depois, a historiadora Nancy Newhall, curadora do Museu de Arte Moderna de Nova York e amiga da família, se interessou em editar as fotos, publicando-as em 1951.
A obra de Brett (1911-1995) parece uma eterna aventura, cheia de cliques, que demarcam suas incursões pelo mundo.
Os trabalhos de Oregon, China, os nus e as paisagens da Holanda e da Espanha são exemplos claros de sua obsessão pela visão e pelo refinamento da imagem, os quais podia santificar ou amaldiçoar.
Brett aprendeu a fotografar com o pai, quando completou 14 anos e ganhou sua primeira câmera.
Nessa época, em 1925, Weston pai viajou para o México, onde realizou um grande número de experiências fotográficas.
Também nessa época manteve um relacionamento com Tina Modotti (1896-1942), fotógrafa que posou nua para Weston enquanto agitava a sociedade mexicana como ativista política.
O adolescente Brett esteve praticamente afastado da vida particular do pai, mas participou de suas incursões fotográficas pelas regiões do México, auxiliando-o nos registros das paisagens, dos centros urbanos e da vida do povo.
Dessa forma, ficou conhecendo os segredos da fotografia, a magia da natureza e das paisagens, com o objetivo de explorar suas formas.
Formas explosivas
A obra de Brett é marcada pela construção dramática dos elementos, expressando seu interesse pelas abstrações, e se fixando na textura para transformar os detalhes do mundo exterior.
Durante sua vida, não cansou de repetir que a forma está em toda a natureza. "Ela é explosiva e, algumas vezes, poderá se tornar uma coisa perigosa, porque é fácil estilizá-la e corrompê-la."
Aos 18 anos, em 29, atraiu os críticos, com a mostra "Film and Photo", em Stuttgart, na Alemanha, expondo ao lado de Man Ray, Berenice Abbot e de seu pai.
Em 36, trabalhou como escultor e, antes de ser convocado para a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), foi câmera da produtora 20th Century Fox, para filmes de guerra, e fotógrafo de uma fábrica de aviões.
Em 46, ganhou uma bolsa da Fundação Guggeheim, retornando depois para Carmel, em Los Angeles, onde havia nascido.
Brett trabalhou dia e noite no laboratório do pai na preparação do álbum de seu cinquentenário.
Weston estava impossibilitado de se locomover, acometido pelo Mal de Parkinson. Nessa ocasião, teve mais tempo para passar seus conhecimentos técnicos para Brett e Cole, seu filho menor.
Apesar de sua obra ter sido bem divulgada, não por ser filho de Weston, mas pelas qualidades intrínsecas dos trabalhos, Brett teve uma vida solitária.
Fazia questão absoluta de processar e manipular suas fotos e de selecioná-las para as exposições.
Brett não é muito conhecido no Brasil e uma amostra de seus registros pode ser vista via Internet no site www.danielsgalery.com.

Exposição: Brett Weston Onde: International Center of Photography (5ª Avenida, 1.130, tel. 001/212-860-1777, ramal 100, Nova York) Quando: dia 19 de setembro; qua a dom, das 11h às 18h; até 30 de novembro Quanto: US$ 4



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