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FOTOGRAFIA
Exposição de Weston revive NY dos 40
ANA MARIA GUARIGLIA
free-lance para a Folha
O International Center of Photography, de Nova York, inaugura
no próximo dia 19, sexta-feira,
uma exposição, trazendo parte da
obra de Brett Weston feita sobre a
cidade nos anos 40.
Brett, filho do artista e fotógrafo
Edward Weston (1899-1958), foi
alvo dos jornais norte-americanos, em 1991, quando, ao completar 80 anos, resolveu incendiar todos os negativos produzidos ao
longo de mais de 50 anos.
O ato foi visto como sensacionalista e insano, partindo de um homem senil, que premeditava a valorização comercial de suas obras.
Mas a incógnita do ato permaneceu e Brett ainda é considerado um
dos maiores artistas de impressão
do mundo.
Provavelmente, foi esse o fato
que influenciou a destruição, evitando assim que não fossem reproduzidos por mãos inábeis. Hoje as galerias não vendem cópias
por menos de US$ 5.000.
Nos anos 40, Brett trabalhava em
um órgão de segurança na cidade.
Ele a fotografou e teve de pedir emprestado o laboratório do fotógrafo Paul Strand (1890-1976) para revelar e ampliar as fotos.
Um dos destaques é "White
Sands" (areias brancas), de 1945,
em que ele explorou a textura da
luz incidindo sobre o solo arenoso.
Anos depois, a historiadora
Nancy Newhall, curadora do Museu de Arte Moderna de Nova York
e amiga da família, se interessou
em editar as fotos, publicando-as
em 1951.
A obra de Brett (1911-1995) parece uma eterna aventura, cheia de
cliques, que demarcam suas incursões pelo mundo.
Os trabalhos de Oregon, China,
os nus e as paisagens da Holanda e
da Espanha são exemplos claros de
sua obsessão pela visão e pelo refinamento da imagem, os quais podia santificar ou amaldiçoar.
Brett aprendeu a fotografar com
o pai, quando completou 14 anos e
ganhou sua primeira câmera.
Nessa época, em 1925, Weston
pai viajou para o México, onde
realizou um grande número de experiências fotográficas.
Também nessa época manteve
um relacionamento com Tina Modotti (1896-1942), fotógrafa que
posou nua para Weston enquanto
agitava a sociedade mexicana como ativista política.
O adolescente Brett esteve praticamente afastado da vida particular do pai, mas participou de suas
incursões fotográficas pelas regiões do México, auxiliando-o nos
registros das paisagens, dos centros urbanos e da vida do povo.
Dessa forma, ficou conhecendo
os segredos da fotografia, a magia
da natureza e das paisagens, com o
objetivo de explorar suas formas.
Formas explosivas
A obra de Brett é marcada pela
construção dramática dos elementos, expressando seu interesse pelas abstrações, e se fixando na textura para transformar os detalhes
do mundo exterior.
Durante sua vida, não cansou de
repetir que a forma está em toda a
natureza. "Ela é explosiva e, algumas vezes, poderá se tornar uma
coisa perigosa, porque é fácil estilizá-la e corrompê-la."
Aos 18 anos, em 29, atraiu os críticos, com a mostra "Film and
Photo", em Stuttgart, na Alemanha, expondo ao lado de Man Ray,
Berenice Abbot e de seu pai.
Em 36, trabalhou como escultor
e, antes de ser convocado para a 2ª
Guerra Mundial (1939-1945), foi
câmera da produtora 20th Century
Fox, para filmes de guerra, e fotógrafo de uma fábrica de aviões.
Em 46, ganhou uma bolsa da
Fundação Guggeheim, retornando depois para Carmel, em Los
Angeles, onde havia nascido.
Brett trabalhou dia e noite no laboratório do pai na preparação do
álbum de seu cinquentenário.
Weston estava impossibilitado
de se locomover, acometido pelo
Mal de Parkinson. Nessa ocasião,
teve mais tempo para passar seus
conhecimentos técnicos para Brett
e Cole, seu filho menor.
Apesar de sua obra ter sido bem
divulgada, não por ser filho de
Weston, mas pelas qualidades intrínsecas dos trabalhos, Brett teve
uma vida solitária.
Fazia questão absoluta de processar e manipular suas fotos e de
selecioná-las para as exposições.
Brett não é muito conhecido no
Brasil e uma amostra de seus registros pode ser vista via Internet no
site www.danielsgalery.com.
Exposição: Brett Weston
Onde: International Center of
Photography (5ª Avenida, 1.130, tel.
001/212-860-1777, ramal 100, Nova York)
Quando: dia 19 de setembro; qua a dom,
das 11h às 18h; até 30 de novembro
Quanto: US$ 4
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