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"O MOMENTO DE MARIANA MARTINS"
Espetáculo
se leva muito
a sério
da Reportagem Local
Não se deve esperar a Leilah
Assumpção cortante de "Adorável Desgraçada", uma peça
de cinco anos atrás, ou mesmo
de "Fala Baixo Senão Eu Grito"", sua estréia no teatro, três
décadas atrás. Aqui o terreno é,
com alguma boa vontade, a comédia de costumes -ou algo
próximo, em muitos pontos
mais para um drama de costumes.
Em "O Momento de Mariana
Martins", no teatro Cultura Artística, fala-se da mulher amadurecida que é traída depois de
anos de casamento e filhos, sua
luta para reagir, seus temores e
inseguranças -e do seu encontro, afinal, com o orgasmo
do "ponto g".
Em suma, o terreno não é distante daquele das revistas femininas, no tema, nas situações e
conflitos.
Como numa publicação do
gênero, seu público pode ser
descrito como um nicho de
mercado, com interesse e repercussão restritos. O que salva
o espetáculo "Mariana Martins" de tal armadilha, em parte
ao menos, é o talento, a "carpintaria", como se diz, de Leilah Assumpção.
Tema e forma sendo restritivos, a autora se volta para o humor, para criar livremente suas
tiradas de grande efeito cômico, situações vexatórias diversas, até algum despudor.
"O Momento de Mariana
Martins", com isso, não fica devendo nada a um pequeno fenômeno da comédia de costumes mais popular como é
"Qualquer Gato Vira-Lata Tem
uma Vida Sexual mais Sadia
Que a Nossa", de Juca de Oliveira.
Da nudez feminina ao triângulo amoroso, passando pelos
ensinamentos sobre sexo e pelos atores de televisão, está tudo lá ou quase.
Falta a "Mariana Martins"
uma encenação sem constrangimentos como a de Bibi Ferreira para "Gato Vira-Lata".
Uma encenação que tomasse a
nudez sem o menor recato e
que não se perdesse em supostos refinamentos com figurino
e cenário.
Em síntese, falta a "O Momento de Mariana Martins" assumir-se como o espetáculo
comercial que é.
O bom elenco, de sua parte,
não parece temer as caricaturas
quando elas se impõem, até pelo contrário. Estão inteiramente à vontade em cena atores tão
diferentes quanto a comediante Stela Freitas, cuja personagem vai para a cama até com o
filho da amiga, e o galã Oscar
Magrini, este em papéis diversos que retratam, em suma, o
machista anacrônico e meio ridículo.
A protagonista Cláudia Alencar, que faz Mariana Martins,
tem algumas das melhores tiradas da peça e se sai muito bem
em tais passagens farsescas.
Mas, dirigida ou não para tal
por Luiz Arthur Nunes, a atriz
leva seu personagem muito a
sério.
Acredita lacrimosamente nos
seus dramas -e aí o espectador comum precisa de muita
boa vontade para acompanhar.
(NS)
Avaliação:
Peça: O Momento de Mariana
Martins
Texto: Leilah Assumpção
Direção: Luiz Arthur Nunes
Elenco: Cláudia Alencar, Stela Freitas,
Oscar Magrini, Aracy Cardoso, Ivo
Fernandes e outros
Quando: sex. e sáb, às 21h; dom., às
18h
Onde: Teatro Cultura Artística, sala
Rubens Sverner (r. Nestor Pestana,
196, tel. 0/xx/11/258-3616)
Quanto: R$ 20 (sex. e dom.) e R$ 25
(sáb.)
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