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TEATRO "A RAINHA DA BELEZA DE LEENANE"
Estréia hoje versão brasileira de hype inglês
CRISTIANO CIPRIANO POMBO
das Regionais
Um mito: a figura materna. Um
caso de cumplicidade: a relação
mãe e filha. E, para completar, humor negro.
Assim o jovem dramaturgo inglês Martin McDonagh construiu
"The Beauty Queen of Leenane",
ou "A Rainha da Beleza de Leenane", peça que jogou a seus pés a
crítica teatral em Londres e Nova
York e que chega hoje a São Paulo, sob direção de Carla Camurati
-que sua estréia no comando de
uma peça de teatro.
Escrita há cinco anos, já traduzida para 27 línguas, segundo o autor, "A Rainha da Beleza de Leenane" apresenta uma história
simples com personagens fortes
atrelados a questões sociais -desemprego, violência e drogas.
Ambientado dentro de uma pequena casa na cidade de Leenane
(Irlanda), o espetáculo centra-se
na história de Mag Folan, a mãe, e
sua filha, Maurren, que, após a
morte do marido/pai e o casamento das duas filhas/irmãs, passam a viver uma situação de autodependência e cumplicidade.
A mãe -já sem perspectiva de
vida- usa a condição física para
fazer valer suas vontades e manter
a filha junto de si, enquanto a filha
se entrega ao jogo da mãe e mantém inerte seu sonho de conquistar o mundo (lê-se aqui: Londres).
"A história se passa na Irlanda,
mas os temas são universais: a relação familiar e a perspectiva de
futuro. O que difere da nossa realidade é a forma como os personagens se expressam, falando o
que vem na mente, sem a camuflagem que há no mundo civilizado", diz a atriz Xuxa Lopes.
Xeque
Em meio a pratos de mingau,
programas de TV e músicas no
rádio (de clássicos a U2), a atual
relação entre Maurren e sua mãe é
colocada em xeque com a chegada dos irmãos Dooley.
A presença dos irmãos divide a
cena e o público em torcidas. De
um lado, Maurren, que se apaixona por Pato Dooley e vê a chance
de mudar de vida. De outro, a
mãe lutando com todas as armas
para manter a filha em casa.
O clima e as atitudes se tornam
tão radicais a ponto de tornar o
espetáculo uma tragicomédia,
despertando o sentimento de
"last chance" nas duas mulheres.
A mãe chega a esconder cartas,
simular o agravamento de saúde e
até a dizer que prefere morrer antes que a coloquem num asilo.
"Não é uma relação de ódio,
mas de sobrevivência. O autor
mexe com o mito da mãe, sem
pieguice ou ultra-romantismo.
Há realidade, cada um buscando
o que é melhor para si", diz Xuxa.
A questão mítica e a cumplicidade mãe e filha ganha o peso da
realidade na figura de Ray Dooley, um jovem que leva para o interior da casa "o mundo da cidade", a necessidade da busca por
emprego, a violência e as drogas.
Já Pato, o mais ingênuo da trama, é quem revela o nome da peça
ao conferir a Maurren o título de
"rainha da beleza".
Quanto ao desfecho, fica a seu
critério, ou melhor, sua torcida.
Colaborou Fábio Chiossi, das Regionais
Peça: A Rainha da Beleza de Leenane
Quando: estréia hoje, às 21h; sex., às
21h; sáb., às 19h e 21h30; dom., às 19h
Onde: Teatro Alfa (r. Bento Branco de
Andrade Filho, 722, tel. 5693-4000)
Quanto: R$ 30 e R$ 35 (sábado)
Patrocinadores: OPP Petroquímica S.A.
Petróleos, Organizações Odebrecht
Ipiranga e Rio Sul
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