São Paulo, quarta, 8 de outubro de 1997.




Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GASTRONOMIA
Lançamento acontece hoje, mas produtos só poderão ser encontrados em supermercados a partir do dia 20
Sorvetes Häagen-Dazs chegam ao Brasil

JOSIMAR MELO
especial para a Folha

O nome dos sorvetes Häagen-Dazs, que chegam hoje ao Brasil, sugere uma viagem ao branco frio dos países nórdicos.
Foi o que pensaram os fundadores da marca ao batizar esse produto que é na verdade norte-americano -e representa muito mais o gosto americano que o europeu em matéria de sorvete.
Hoje é a chegada oficial da marca ao Brasil, comemorada com uma festa no clube Portofino Morumbi, com toda a pompa: bufê de Neka Menna Barreto, música do DJ Zé Pedro e um ano já planejado de ações promocionais.
Se tudo der certo, o Brasil entrará com tudo no mapa de expansão mundial da rede.
A empresa que originou a cadeia surgiu na década de 20, quando o produto ainda era feito em escala artesanal.
O nome foi criado em 1961 e não quer dizer nada -a não ser a tentativa de usar uma sonoridade dinamarquesa (parece que sorvetes daquelas plagas estavam em voga entre os americanos, na época).
Hoje a empresa vende seus produtos em mais de 50 países. Desde 89 ela pertence à multinacional de bebidas Grand Metropolitan, sediada na Inglaterra (a mesma dona de marcas como o whisky J&B e a vodca Smirnoff).
As características do sorvete mantiveram-se as mesmas: o uso de ingredientes naturais (por exemplo, gema natural e não em pó; creme de leite fresco, não leite em pó); absoluta higiene (o que lhe dá a mesma confiança que os consumidores têm, por exemplo, em outras redes, como o McDonald's); e nada de conservantes -aspectos que lhe dão credibilidade no mercado.
Falta de delicadeza
Quanto ao paladar, o principal apelo da Häagen-Dazs é sua consistência. Os produtores alardeiam que um litro do sorvete pesa quase 90 por cento a mais do que os outros. Ou seja, não é aerado e muito mais denso. Para quem quer se esbaldar de doce, é um prato cheio.
Não é o que pensam os franceses e italianos, donos da arte do sorvete artesanal.
Para os gourmets, o sorvete industrial americano sofre da falta de delicadeza de paladar e de consistência.
A Häagen-Dazs tem lojas pela Europa, mas os guias gastronômicos costumam ignorá-las, ou então atacá-las ferozmente.
"Sorvetes entupidos de creme, açúcar e calorias, que mal deixam aparecer o gosto das frutas sob o gosto da manteiga pasteurizada" é um exemplo do tipo de julgamento merecido pelo produto (nesse caso, pelo crítico francês Gilles Pudlowski).
A arte do sorvete está em conseguir o máximo de consistência com o mínimo de gordura, um equilíbrio mais difícil de obter em escala industrial.
Em todo caso, entre os americanos a marca faz grande sucesso, e mesmo entre o público dos demais países onde está presente.
Só dia 20
No Brasil, a linha toda da empresa será colocada à venda. Entre eles, os campeões mundiais de venda -os sabores cookies and cream (baunilha com cookies de chocolate), butter pecan (baunilha com nozes pecan) e macadamia brittle (baunilha com nozes macadamia crocantes).
Mas, por enquanto, o sorvete não é encontrado em lugar nenhum. Só partir do dia 20 poderá ser achado em lojas de conveniência e supermercados -alguns.
Dentro de um ano deverá começar a ter lojas próprias, somando-se à enorme gama de sorveterias Häagen-Dazs: o gosto americano para sorvetes está em 550 lojas espalhadas pelo mundo.


O colunista Marcelo Coelho está em férias.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.